Às vezes de tanto ouvir e ver as tragédias se sucederem na vida, seja pessoal ou no ambiente social, comumente temos a tendência de desacreditar na humanidade. Violência urbana crescente, um adolescente de 13 anos que mata quatro adultos, entre eles o pai e a mãe, e depois se suicida. Uma crise econômica que perdura desde 2008 e chega ao Brasil provocando uma estagnação... É exatamente nessas horas que surge a premente necessidade da esperança.
Para muitos, ter esperança pode ser piegas ou até mesmo um gesto de inocência diante da vida e de suas vicissitudes, mas a esperança não é simplesmente o jogo do contente, de ver o lado bom das coisas ruins ou de acreditar que pensando positivo tudo vai mudar. A esperança entre em cena exatamente quando o contexto que nos cerca está extremamente desfavorável e o medo nos toma visceralmente.
A esperança não é um tipo simplista de positividade, uma vez que somos positivos quando nos sentimos seguros. A esperança, ao contrário, nos permite ver numa perspectiva mais ampla, tirando-nos do medo paralisante do problema aparentemente insolúvel. Ela nos lança no horizonte longínquo, além de tudo que hoje não tem jeito, e que amanhã será visto como aprendizado necessário para novos desafios que virão, tanto do ponto de vista pessoal quanto empresarial. Por isso, a esperança nos torna criativos e capazes de erguer as bases para a realização de nossos sonhos, evitando que entremos no colapso do desespero. Essa sabedoria do organismo, a esperança, muda o ritmo de nosso ser e infunde a cura e a positividade realista, baseada não numa crença superficial e dogmática, mas na certeza de que, se já passamos por tantas outras coisas, porque não iremos passar por mais essa?
Ela é um antídoto contra o veneno do medo e do caos, isso porque podemos imaginar nosso próprio futuro, ao contrário dos animais, e quando fazemos isso, toda calamidade termina passando e toda crise passa.
Ao abrirmos mão da esperança terminamos por cumprir nossas previsões mais terríveis, ao passo que, com ela, somos levados a nos esforçar e dar o máximo de nós, descobrindo que podemos passar, e muito, a fronteira dos limites que nos colocaram ou nos impusemos.
A esperança em meio as dificuldade nos leva a uma tensão dialética entre as possibilidades emocionais e limites emocionais, uma vez que é somente aceitando que temos limites que encontramos, a partir daí, o reino das possibilidades, a esperança.
Por isso mesmo ela se distingue do mero pensamento positivo que visa reverter o pessimismo, visto que se baseia na superação real dos limites, o que nos leva a perceber que os limites são criações nossas e como tal podem ser destruídos. O perigo nesses casos é nutrirmos a chamada "falsa esperança", que está baseada inteiramente em torno de uma fantasia ou presa a um resultado extremamente improvável, mas que gostamos e precisamos acreditar possível.
A esperança sempre venceu o medo, antes mesmo da utilização política dessa verdade, mas esse medo só é vencido quando depositamos em nós, e não nos outros, as possibilidades do porvir. E quando paramos de espernear aos ouvidos surdos dos governantes, por um ambiente econômico mais saudável e seguro para os negócios, e passamos a criar nossas alternativas de vencer e superar o aparente caos.