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Tesouros de Natal

25 de Dezembro de 2020 às 12h35

Ana Cecília Novaes

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Hoje a mensagem é diferente... Buscando inaugurar uma nova forma de transmitir essas singelas crônicas a vocês, compartilho o link do Podcast do Dedo de prosa, aroma de café, com o áudio da crônica de Natal desse ano! Na sequência enviarei também o texto escrito, para aqueles que preferirem acompanhar o áudio com a leitura! Um grande abraço, e um feliz Natal a todos!

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       Essa é a fantasia de um mundo real… ou seria a verdadeira história de um mundo imaginário?… Já não sei dizer, na verdade… E afinal, faz muita diferença? Há algum tempo deixei de buscar os limites entre o despertar e o estar a sonhar… Um se torna a reticências do outro, o tão sonhado et cetra, a vírgula, o porvir… Não se trata de você acreditar ou não, meu caro… Certas coisas simplesmente existem, independente e apesar da dúvida… mas garanto que, ao final do dia, é muito mais valoroso crer… Se entregar… E se permitir voar…


Porque foi exatamente assim que cheguei àquela região distante, fria e bizarramente úmida, tendo como inusitada companhia uma titia Gertrudes fanha e um Garibaldi Feliciano visivelmente rouco (se é que um gato consegue ter um miado com rouquidão…).

- A-a-atchimmm!!! - espirrou titia, pegando seu vigésimo sétimo lenço de papel desde que havíamos descido do avião. - Raios, raios, raios!!! - bradou, irritada ao notar que a caixa de lenços estava com seu estoque quase vazio. - Mas que idéia estapafúrdia, essa minha, em lhe acompanhar nessa rápida “paradinha" para visitar sua amiga… Eu e o frio definitivamente não combinamos! E meu pobre Garibaldi, então! Está para congelar de frio, coitadinho! - disse, envolvendo-o ainda mais forte sob seu casaco de lã vermelho-púrpura. 

Escondi um leve sorriso ao perceber o incômodo do bendito gato que, sufocado nos braços de titia, provavelmente preferiria estar sob o vento congelante daquela estrada. Mas ela tinha razão, não posso negar… Sob uma temperatura de quase seis graus, eu definitivamente não imaginava que estaríamos em plena véspera de Natal à deriva, em uma cidade completamente estranha, percorrendo a beira de uma estrada deserta.

Óbvio que o destino, aquele ousado destino que adora lançar uma ironia para cima de mim, não podia ter deixado por menos. Admito que quando recebi a mensagem da minha antiga amiga de infância sobre uma típica comemoração de Natal no estilo europeu não pensei duas vezes e, de imediato, troquei a passagem que me levaria de volta à cidade de titia (após o enterro de sua tia-avó Petúnia) para a cidade onde minha doce Serena estava morando nos últimos cinco anos. É fato que eu devia a ela essa visita há algum tempo, já que ela havia me deixado extremamente curiosa com suas correspondências que falavam da energia peculiar do lugar, uma certa magia que ela não seria capaz de descrever, “apenas sentindo na pele e na alma que você poderia entender”, disse ela inúmeras vezes.

É verdade que sempre declinei o convite, considerando que Serena estava morando no extremo do continente, em um vilarejo cujo acesso se resumia a uma estrada (não pavimentada de cerca de cem quilômetros) que o conectava à cidade mais próxima (onde, aliás, ficava o aeroporto). No entanto, considerando que já estava na metade do caminho, já que havia acompanhado titia ao velório de Petúnia em sua cidade natal, resolvi aproveitar a oportunidade e finalmente conhecer o tão misterioso lugar, além de vivenciar uma típica comemoração de Natal ao estilo europeu, cultura extremamente forte naquele lugar.

No entanto, quando fui avisar à titia que ela voltaria sozinha para sua casa, qual não foi minha surpresa quando ela “sutilmente" se ofereceu para me acompanhar, com o argumento de que “seria uma excelente oportunidade para que Garibaldi expandisse seus horizontes.”. É claro, o que seria da vida cultural de Garibaldi sem experiencias de viagem… Haja paciência…

Mas você deve estar se perguntando: qual o meu grande problema com o bendito do destino e sua ironia? Bem, acontece que assim que desembarcamos em meio à temperatura mais baixa que já experimentei, as poucas oito pessoas que nos acompanhavam no vôo seguiram com as famílias que as aguardavam no aeroporto, e lá ficamos nós, em plena véspera de Natal, tentando encontrar um transporte para o tal vilarejo de Serena. Ao que parece, naquela época do ano, a única empresa de transporte (por “empresa"entenda “vã do senhor Jacob”) não trabalhava, pois estava passando as festas com sua família. E claro, não havia táxi àquela hora do dia, pois todos haviam se recolhido para preparar a ceia natalina. Claro…

Com titia ao meu lado iniciando sua incontrolável crise de rinite, abraçada a um Garibaldi Feliciano que tremia de frio (não estando acostumado àqueles quase oito graus celsius), apressei em pensar em uma solução prática, já que meu celular não tinha área para eu conseguir pedir ajuda à Serena. Na única lojinha (da senhora Sue) do aeroporto, comprei casacos, luvas e cachecol para nós (e um gorrinho para Garibaldi, é claro… não sou tão má assim…) e perguntei qual a forma mais rápida de chegar ao tal vilarejo. A senhora Sue, muito solícita, informou que se pegássemos carona com Rutherford, da oficina, chegaríamos rapidamente até o nosso destino.

Sorrindo aliviada, fiz a pergunta mais óbvia possível: "onde posso encontrar Rutherford, da oficina?”. E a senhora Sue, com seu largo sorriso gentil, respondeu: “em sua oficina, no meio da estrada, há cerca de um quilômetro daqui”. Agora me diga… é ou não é uma implicância do destino?

Olhei para titia, já aquecida e confortável com seu casaco vermelho-púrpura, envolvendo Garibaldi com seu gorrinho verde-musgo, respirei fundo e disse: “Bem, o jeito é andar”. E foi assim que chegamos à gelada caminhada, no meio da estrada, em direção à oficina de Rutherford.

- O que eu não daria por uma boa xícara de chá quente agora… - murmurou titia, limpando o nariz com o último lenço da caixa, enquanto Garibaldi soltava um miado rouco, provavelmente pedindo uma boa travessa de leite quente.

Puxando desajeitadamente nossas poucas malas, apenas concordei com a cabeça, cansada demais para pedir ao vento gelado que me trouxesse uma enorme xícara de café fumegante, com caramelo e canela. 

- Devemos estar chegando… - comentei, apenas para tentar me enganar um pouco, já que provavelmente havíamos andado apenas alguns metros. É certo que as luzes do aeroporto já não eram mais visíveis atrás de nós, e à nossa frente uma grande escuridão nos aguardava, sendo interrompida ocasionalmente por esparsos postes antigos de luz. Foi olhando para um desses postes, ainda muito longe de onde estávamos, que algo me chamou a atenção.

Virei rapidamente os olhos para tentar acompanhar o que, a princípio, achei que fosse um vaga-lume, mas considerando a velocidade com a qual se movia e a precisão do movimento, com certeza era algo diferente…

- A senhora viu aquilo, titia? - perguntei, indicando o lugar onde o fleche de luz havia desaparecido.

- Ver? - bradou ela. - Você acha que estou conseguindo ver alguma coisa nesse breu? Ora, faça-me o favor!

Ignorando a teia de reclamações que deram sequência àquela frase, fixei os olhos novamente para o ponto onde a luz havia sumido, na beira da estrada, cercada por uma densa floresta. Acostumando meus olhos à pouca luminosidade, percorri as copas ao nosso redor, atenta, e senti todo o meu corpo se arrepiar (não devido ao frio) quando eu vi.

Por detrás de um grosso tronco de uma árvore centenária, o pequeno rosto de uma criança nos observava. Delicados traços desenhavam suas feições, e o vento parecia não incomodar o farto cabelo dourado que caia sob seus ombros. Mesmo de longe não pude deixar de notar os olhos cristalinos, considerando o brilho que emanavam, e a energia que transbordavam. Era um olhar de curiosidade… de mistério… de convite…

-Mas o que… - murmurou titia, ao me ver atravessar a estrada em direção à floresta. - Você perdeu completamente o juízo? Para onde está indo? - ouvia seu grito atrás, mas não fui afetada por ele. Na verdade, nem mais parecia sentir frio, ou qualquer outra sensação que viesse do exterior. Como que magnetizada por aquele olhar, simplesmente caminhei em sua direção, e quando estava prestes a alcançá-la, a criança correu.

Ouvi uma gargalhada gostosa ecoar por entre as árvores que, amontoadas, faziam um belo labirinto que me impedia de ver exatamente para onde ela estava indo. Simplesmente segui o som do seu riso, correndo em meio à floresta, sem perceber o quanto eu entrava, cada vez mais, em seu interior. E foi quando, de repente, abriu-se à minha frente uma explosão de cores.

A escuridão da noite parecia não chegar até ali, porque fleches de luz, tal qual aquele que inicialmente eu havia visto, se espalhavam em cada ponto de um enorme descampado em meio ao que parecia ser o coração da floresta. Das mais diversas cores, cada ponto de luz parecia saltitar pelo ar, e com eles risos e mais risos se acumulavam e se misturavam, como se uma multidão de crianças estivesse ali brincando. Mas eu só via uma. Aquela primeira, de cabelos cor de ouro, e um sorriso serelepe que, nesse momento, se abria com vontade para mim.

- Você vê? - perguntou ela.

Olhando encantada ao meu redor e vendo tantos fleches de luz, abri um sorriso de volta e respondi, como se a conhecesse há muito tempo:

- Sim, eu vejo! 

- Não! Não enxergue! - exclamou ela, parecendo mal se conter em animação, abrindo seus lindos olhos com entusiasmo para mim. - Veja!

Segui seu dedinho que apontou um dos fleches coloridos que passara rasante perto de nós, e eu estava a ponto de dizer que eu conseguia sim ver aquela festa multicolorida de cores, quando subitamente me senti envolvida por uma onda de calor confortavelmente acolhedora, com sabor de casa e aroma de plenitude, e eu vi.

Vi cada fleche se materializar em uma pequena criança que, como aquela à minha frente, abria um grande sorriso a cada salto que dava de um ponto a outro daquele descampado. Não era uma, duas, dez… Eram centenas de criaturas doces que, uma a uma, se tornaram visíveis para mim. Cada qual com uma veste suave e colorida, com seus cabelos soltos, alguns castanhos, outros ruivos, outros dourados e negros. Algumas, à medida em que paravam de saltitar, se punham a andar em pequenos grupos, parecendo travar alegres conversas. Outras seguiam decididas em uma das várias pequenas construções que também se tornaram visíveis aos meus olhos. Assemelhavam-se a casinhas de bonecas, mas cada uma tinha um nome e uma cor especial, distribuindo-se de forma organizada em uma espécie de espiral, preenchendo todo o descampado com caminhos floridos que conectavam uma à outra. Mas não era apenas o chão que estava coberto de ternura! Acima das casas os galhos das árvores se entrecruzavam, guardando pequenas portinhas que, suponho, também resguardavam algumas daquelas doces criaturas. 

Meus olhos brilhavam de encantamento e surpresa, mas nada supera o que eu vi acima de tudo isso, cobrindo aquele descampado como uma abóbada: uma formação multicolorida, assemelhando-se à aurora boreal, parecia guardar e proteger aquele lugar, aqueles seres, aquele mundo.

Mal conseguindo articular uma frase, tamanho meu deslumbramento, me dirigi àquela pequena criatura à minha frente:

- Mas que lugar é esse? - indaguei. - Quem são vocês?

- Nos chamam elementais, guardiões, querubins, duendes, fadas, ilusões… Não importa o nome que recebemos, apenas a missão que exercemos: cuidar da humanidade, mantendo vivas as chamas verdadeiras que aquecem a alma do homem. Somos muitos, milhares, espalhados pelo mundo, em pequenos refúgios como esse. Aqui renovamos nossas energias, nos resguardamos e reforçamos nosso propósito de servir ao universo que, num movimento natural, busca o bem.

“Somos tão antigos quanto o planeta, e tão novos quanto a necessidade do ser humano em renovar sua esperança na vida. Agimos em silêncio, doando esperança aos corações feridos, renovação aos andarilhos cansados, serenidade aos guerreiros de si mesmos, alegria aos náufragos do silêncio, amor aos solitários de multidões. Amenizamos feridas que insistem em não cicatrizar, sussurramos ternura aos discursos carregados de ódio, intuímos compreensão aos cegos pela cólera. Mostramos luz onde o homem só consegue ver escuridão, e dedicamos nossa imortalidade a doar a multicolorida energia vital a cada ser existente. Somos energia, somos vida. Somos a estrela cadente na noite escura. Somos a curva do infinito. Somos, apenas somos.

Maravilhada com aquela energia única e a emoção que eu sentia, inspirei fundo e deixei que aquela sensação fantástica me inundasse. 

- Mas… o que eu estou fazendo aqui? - perguntei, incrédula por aquela dádiva.

- Todo ano, na véspera de Natal, cada núcleo espalhado pelo mundo se permite ser adentrado por um humano que se mostra capaz de ver, muito além do possível, o nosso refúgio. São poucas as que conseguem, mas assim o fazemos para poder doar os nossos três tesouros de Natal, escondidos nessa floresta encantada.

- Tesouros de Natal? - indaguei, confusa.

E nesse instante, em meio à movimentação intensa do descampado, vi uma das criaturas se virar e me olhar fixamente, se aproximando vagarosamente, movendo seus lábios em um ritmo peculiar e repleto de energia…


Eis que é… tempo de renovar… E enfim, se transformar…

Chega de ao medo se algemar…

Deixar que o universo… Lhe envolva nesses versos…

Se entregue, sim…

Persevere, e assim…

Vai voar…


Em direção ao mar… da eternidade…

Cultivando o bem e a felicidade!

É sua escolha se, vai se permitir…

É possível que…

A essência do infinito esteja em ti…


Espetacular…

Essa mania de se perdoar…

Saber que é possível sim errar…

Oh, o que importa aqui

É se renovar e se amar…

É possível sim…

Tente…


Tente sim…


Não se subestime nunca, você pode sim lutar…

Só porque caiu não é no chão que vai ficar

Uhhh…

Perfeito você pode não ser

Mas sempre é capaz de crescer

Porque o mundo ainda não viu o seu melhor


Abra a janela e deixe entrar

Brisa nova, esperança


O céu é o limite

Com fé, se permite

Ah tanto… a renovar


Não diga que não vai tentar

Vai mergulhar e se encontrar


É melhor se preparar

Nada vai te segurar


E Finalmente


Eternamente


Espetacular…

Essa mania de se perdoar…

Saber que é possível sim errar…

Oh, o que importa aqui

É se renovar e se amar…

Eu sei, você vai conquistar

A eternidade é o seu lar

É sim…

É sim…


Com os olhos marejados, deixei que essa pequena grande criatura envolvesse minhas mãos e me guiasse pelos caminhos floridos daquele refúgio. Recebi abraços, beijos carinhosos, e uma margarida recém-colhida. Não conseguia parar de sorrir, e me permiti balançar e bailar juntos com elas, no silêncio de alegria que cantava meu coração, absolutamente grata por estar ali, sentindo que a cada passo me aproximava do próximo tesouro natalino tão precioso. E foi em meio a esse baile silencioso que ouvi ressoar, verdadeiramente, atrás de mim:


Vocês humanos dizem que querem paz

Mas guerreiam em silêncio e por trás…

Pergunto o que fazer…

Quando na alma o amor jaz…


Há tristeza ao redor,

Pouca misericórdia e quanta dó

Oh… O que fazer…

Como é que pode ser?


Eu sei que não é fácil…

A alma já sofreu e ainda não curou…

Mas olhe para cima…

Há um universo de amor…

Onde se sublima toda a dor…


Eu vou fazer nascer de novo..

A doçura de sonhar, perdoar e amar

Eu vou fazer

Eu vou fazer, fazer brotar


Cada segundo dedicar

Vai valer a pena, vai contar

Eu vou fazer

Eu vou fazer, fazer brotar


Se algum dia você duvidou

Ele em ti sempre acreditou

A força de teu despertar

Não duvide, ela vem de lá

Por você Ele sempre vai lutar


Ohhhhhh…


Uhmmm…

Oh, vai fazer…ohh…


Vai fazer… sim… vai brotar…

Vai fazer… sim… vai brotar…


Vai fazer sim brotar

Vai fazer sim brotar

Vai fazer sim brotar

Vai fazer sim brotaaaar


Cada segundo que eu dedicar

Vai valer a pena, vai contar

Eu vou fazer

Eu vou fazer, fazer brotar


Yeah…


Vai fazer sim brotar



Eu vou fazer


Eu vou fazer


Eu vou fazer sim brotar


Eu vou fazer sim brotar


Brotar, brotar


Eu vou fazer, sim, fazer brotar


Eu vou fazer, sim, fazer brotar


Eu vou fazer, sim, vou fazeeeeeer brotar



Ainda embalada por aquele som incrível, me vi subitamente no centro de uma espiral formada por todas as criaturas que ali estavam, e subitamente começaram a cantar em uníssono:


Tempo de Natal é tão especial cheio de magia e tanto sonho surreal

Sair de trás das máscaras pessoais e deixar que a alma voe livre e imortal


Ainda mesmo que imperfeitos deixamos que a luz de Deus Pai Criador

Envolva o nosso coração… ão…

Porque da manjedoura o menino veio nos mostrar da terra ao mar…

Que vale a pena continuar…


Diga-me você…

No que vale a pena esconder…

O tesouro em você,

Hoje é dia de ver,

A luz que ele veio deixar e espalhar em você porque…


Olhe bem pra você!

Não, Ele não errou, 

Nasceu e doou

Sua vida é exemplo de fé, oh meu javé


Mesmo que esteja caído, Ele vai te erguer

E abraçar você

Se está perdido ele vai achar você… é…

Ponha suas mãos aos céus e remova os véus

Remova os véus


Porque Tua vida

É só amor doaaaar


E em ti Ele vai renascer

Renascer

É tempo de se perceber

Se perceber

O quanto Dele você pode ser


Porque Tua vida

É só amor doar!


Que nesse Natal sejamos pleno renascimento e amor

Que sejamos vida e magia e fé!


Vai esquece ontem

Se doe no hoje

Pois é tempo

De se renovar


Vai esquece ontem

Se doe no hoje

Pois é tempo

De se renovar


Vai esquece ontem

Se doe no hoje

Pois é tempo

De se renovar


Vai esquece ontem

Se doe no hoje

Pois é tempo

De se renovar


Vai esquece ontem

Se doe no hoje

Pois é tempo

De se renovar


Pois é tempo

Renovar

É tempo sim

De se doar

Venha comigo

Renovar!!!



E girando, e cantando, e dançando, meus olhos misturaram crianças, árvores, flores, céu, infinito, e de repente… eu estava sozinha… no meio da floresta escura, ouvindo ao longe…

- Ah, aí está você! - disse titia. - Olha quem estava passando pela estrada e resolveu nos dar uma carona! Rutherford da oficina! Quem diria que ele estava vindo da cidade em direção ao vilarejo, não é? - falou, envolvendo os braços fortes de lenhador do senhor que, ao seu lado, estava evidentemente constrangido com tamanha demonstração de afeto. - Se você não tivesse se esgueirado por essa floresta adentro, já estaríamos aquecidas a essa hora, não é, Rutherford? - finalizou, lançando um olhar meloso para o homem.

Ele, com um murmúrio, apenas indicou o caminho de volta e eu os segui, sem pressa, ainda escutando no silêncio as risadas das crianças. Em meu coração, apenas pedi para que eu fosse capaz de espalhar aqueles tesouros tão preciosos recebidos. E quem sabe, um dia, voltar a ver, verdadeiramente, aquele reino escondido.

Realidade ou fantasia? Isso realmente importa? Afinal, é Natal, época de milagres e magias… Mas não se assuste se, súbita e inesperadamente vir um fleche de luz em meio à escuridão… Apenas feche os olhos e se permita… ver!


FIM


Créditos

Roteiro: Ana

Direção: Cecília

Narração: Ana Cecília

Edição de música: Aninha


Participação especial: titia Gertrudes e Garibaldi Feliciano