“Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas” é a resposta dada pela espiritualidade à questão número 1 feita por Allan Kardec em “O Livro dos Espíritos”: “Que é Deus?”. O questionamento em si já demonstra grandiosidade. Brilhantemente, Kardec não objetifica (o que) nem personifica (quem) a divindade, ele dá o tom de neutralidade e, logo, de abstração do divino. Na reposta, os espíritos são taxativos em dizer que não há inteligência maior que a de Deus e de que tudo provém Dele. No mesmo livro, a espiritualidade nos ensina que Deus é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom, mas que estes são apenas alguns de são atributos, porque nossa linguagem e nossa laboração mental ainda é incapaz de descrever com precisão que é a Divindade.
Jesus, há mais de 2000 anos, estabeleceu que Deus é “Pai Nosso”, de todos e todas nós, inclusive dele (espírito criado por Deus como nós), e que está “nos céus”. Já compreendemos, com o advento do Espiritismo, que o céu é um estado de espírito, de consciência tranquila, amor ao próximo e comunhão com a vida, e não um lugar circunscrito. Cristo ainda louva ao Pai dizendo “santificado seja o Vosso nome”, confirmando a pureza e grandiosidade do Criador e pede que “venha a nós o Vosso reino”, ou seja, se Ele está no céu, este é seu reino, onde desejamos também estar, mas que devemos buscá-lo dentro de nós através de nossa transformação moral. No “seja feita a Vossa vontade assim na terra, como no céu”, Jesus deixa claro que a vontade soberana deve ser a de Deus e não a nossa e se coloca na posição de humildade, na condição de mero instrumento desta soberania, nos dando uma lição de confiança plena n’Aquele que nos criou. Ainda, mesmo pedindo, Cristo nos ensina “o pão nosso de cada dia nos dai hoje”, assim se satisfazendo simplesmente com o que é necessário e não supérfluo, seja o pão material ou espiritual (o alimento da matéria ou do espírito). Jesus ainda nos assevera pedindo ao Pai “perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido”, já estabelecendo que se desejamos algo pra nós, devemos primeiro desejar para outrem fazendo valer o “faça aos outros o que gostaria que vos fosse feito”. Cristo, então, roga a Deus que “não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”, pedindo proteção de nós mesmos diante das nossas inferioridades morais, para que não nos iludamos com as sensações passageiras e viciantes, trazendo para junto de nós a espiritualidade superior que nos sustenta diante das nossas fraquezas.
Diante desta prova de confiança, amor e abnegação ao Criador, devemos nos perguntar o quanto estamos nos aproximando Dele, o quanto estamos fazendo cumprir Sua vontade em detrimento da nossa, o quanto estamos vivendo de acordo com Suas leis. Buscar Deus é olhar para dentro, mergulhar profundo no oceano interior para achar o nosso ponto de conexão com o Pai. E isto se faz cada vez mais imprescindível quando vivemos num mundo que valoriza mais e mais as aparências exteriores, o ter, o acúmulo de posses e títulos. Não que estas coisas sejam ruins, pelo contrário, podem ser fonte de realizações sublimes quando as usamos para o amor. Portanto, se aproximar de Deus é exalar amor, com todas as nossas forças, e qualquer um de nós é capaz de amar, pois este gérmen foi depositado em nós pelo próprio Deus, basta que o reguemos a fim de que ele cresça, floresça e dê bons frutos. Somos diamantes brutos que precisam ser lapidados para que a joia sublime da Criação se faça bela.
Deus está disponível a toda Sua criação. Nas horas de dificuldade, recorramos à prece. Nas horas de alegria, recorramos à prece. Na dúvida, prece. Na certeza, prece. Se caiu, prece. Se levantou, prece. Para todos os momentos da vida, prece. A prece é recurso imprescindível para nos conectarmos com Deus e ouvirmos Suas respostas às nossas indagações. Ele está sempre disposto a nos ouvir, disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana, acessível a qualquer um de nós sem nos exigir nada, apenas aguardando paciente e misericordiosamente que cheguemos até Ele. Lembre-se, o trabalho no bem também é uma prece.
No mais, reflitamos em Romanos (8:31-39):
Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas?
Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.
Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós.
Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?
Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; Somos reputados como ovelhas para o matadouro.
Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.
Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir,
Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.
Jean Paul
@umgayespirita
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