Ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo’. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus, pois que Ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos. Porque se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos igualmente assim? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de notável? Não agem os gentios também dessa maneira? Assim sendo, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai que está nos céus. (Mateus, 5:43 a 48)
Nos últimos tempos, um novo tipo de inimigo tem sido criado por conta do contexto político que temos vivido, principalmente no Brasil. É o inimigo virtual. O ambiente cibernético parece ter se tornado um campo de batalha onde duelam ideologias. A arma não é mais a espada, mas a palavra. Os duelistas, cada um em seu smartphone, buscam atacar seus opositores com agressividade e xingamentos, transformando-os em inimigo número um. Não importa se essa pessoa é familiar, conhecida, amiga. Se tem o pensamento diferente do meu, é preciso combater, derrotar, eliminar, extinguir, excluir da vida.
O que tem nos movido? Quais emoções temos empregado nesse embate? O que nos leva a defender com unhas e dentes a ideologia representada pela pessoa A ou B? Que bandeira temos hasteado?
Este texto não se propõe trazer respostas, mas levantar questionamentos. Em todo tempo, contudo, devemos lembrar a figura excelsa de Jesus, que cumpriu com suas obrigações de cidadão, porém sem se esquecer de que a vida maior é a que importa e que para construí-la feliz é preciso deixar o amor fluir em nós, porque a intolerância destrói a alma.
Na passagem de Mateus (5:43 a 48), o ensino de Jesus é claro: é preciso amar aqueles que temos tido como inimigos, nossos opositores, não com o mesmo amor que amamos quem nos ama, mas através do respeito à diferença, exercendo a tolerância, buscando ser relativamente perfeitos como absolutamente o é o Pai.
Lembremo-nos, acima de tudo, de que uma sociedade é o resultado de seus integrantes. Por isso mesmo, criemos ao nosso redor microssocial o ideal de macrossociedade que desejamos ver estabelecido no país, no mundo, vivendo o Evangelho nas 24 horas de cada dia, deixando-O transbordar em nós, muito mais nas nossas ações que em nossas palavras. Que nosso discurso seja vivido, exemplificado, que construamos nossa Igreja sobre a rocha firme do amor nos fazendo templos vivos da divindade.
Paremos para analisar nossos discursos, nossas ações, nossa postura diante de tudo o que tem acontecido. Procuremos cada vez mais nos perguntar: “o que faria o Cristo?” e jamais nos esqueçamos de que nada foge ao controle do Criador. Façamos nossa parte com fé e esperança. Tudo passa. E que a única bandeira pela qual devemos lutar com toda garra seja a da CARIDADE.