A sigla LGBTQ+ (Lésbica, Gay, Bissexual, Transexual, Queer e +) visa englobar as expressões não-binárias e não-heteronormativas da sexualidade humana, a fim de lhes dar visibilidade para conquista de equidade de direitos sociais e civis. Um ser que expressa sua sexualidade representada por uma dessas letras é tão normal, saudável, comum quanto os que a expressam dentro dos padrões binários e heteronormativos convencionados nesta Humanidade, como confirma o CID 10 (Código Internacional de Doenças) ao retirar da lista de patologias psíquicas a homossexualidade e a transexualidade.
“Somos todos mais ou menos médiuns”, assevera Allan Kardec em “O Livro dos Médiuns”, capítulo 14, não impondo condição sexual para eclosão da mediunidade. Sendo assim, a obviedade nos diz que esta faculdade também se dá na comunidade LGBTQ+. A mediunidade é a predisposição psíquico-orgânica que possibilita o intercâmbio, a comunicação, entre encarnados e desencarnados. Médium é toda pessoa que possui esta predisposição em qualquer grau de ostensividade. Como todos nós, de modo geral, somos influenciados pelos espíritos, diz-se que somos, então, todos médiuns. Porém, há aqueles que possuem esta faculdade num grau de maior intensidade, tendo a necessidade de discipliná-la. Diante deste fato, uma pessoa LGBTQ+ pode, e deve, educar sua faculdade mediúnica e, ainda, utilizar suas potencialidades para o trabalho da mediunidade num grupo espírita.
Ora, se o Espiritismo vem entendendo as expressões de sexualidade humana como naturais e parte do processo evolutivo do ser imortal e não como um desvio de conduta; qual seria, então, o impedimento para que a comunidade LGBTQ+ não contribuísse nas reuniões mediúnicas? Reiteramos que inexiste qualquer diferença de capacidade mediúnica entre médiuns se levarmos em conta esta ou aquela sexualidade. Somente a conduta moral (ou o esforço que faz por domar suas paixões), tanto de heterossexuais quanto de LGBTQ+, é o que identifica um médium como um trabalhador sério e apto à prática mediúnica disciplinada. Por isso, qualquer um que se proponha a usar suas potencialidades mediúnicas em favor do bem deve se resguardar com relação ao que pensa, sente, fala, ouve, vê, faz, a fim de não se tornar marionete de espíritos levianos. Disciplina é a palavra de ordem para qualquer medianeiro que pretende ser tarefeiro do Cristo.
Infelizmente, ainda hoje, existem núcleos de trabalho espírita que não dão espaço e oportunidade para que LGBTQ+ atuem dentro do movimento espiritista. Tratam as sexualidades não-binárias e não-heteronormativas como desvio de caráter, de conduta, excluindo, em vez de acolhendo esta comunidade que, desde as primeiras manifestações de “diferença” se tornam alvo de chacota, ainda na infância. A LGBTQfobia ainda faz parte da realidade conservadora espírita, o que não condiz com os ensinos evangélicos do Mestre Nazareno, Jesus, que diz “amai-vos uns aos outros”, não impondo condições ou limites. Há espaço e trabalho para quem quer que seja que queira contribuir na Seara de Amor. Não há, neste orbe, ser que seja capaz de proibir este ou aquele de contribuir na grande obra do Criador. Todos têm contribuição a dar e um papel a desempenhar no concerto divino.
Jean Paul
@umgayespirita
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