Reza a lenda que durante seis anos Siddhartha Gautama, o Buda, e seus seguidores viveram em silêncio e nunca saíram de uma floresta. Para beber, tinham a chuva; para comer, tinham flocos de arroz, ou caldo de musgo, ou ainda as fezes de algum pássaro. Seu objetivo era dominar o sofrimento tornando suas mentes tão fortes que se esquecessem de seus corpos.
Um dia, porém, Buda ouviu um velho música, num barco que passava, falando para seu aluno: “Se apertares esta corda demais, ela arrebenta; e se a deixares solta demais, ela não toca”. De repente, Siddhartha percebeu que estas simples palavras continham uma grande verdade e que ele havia seguido o caminho errado durante todo esse tempo.
Uma aldeã ofereceu a ele uma taça de arroz. Pela primeira vez em anos ele se alimentara adequadamente. Mas quando seus seguidores o viram comer e se banhar como uma pessoa comum, se sentiram traídos, como se Buda houvesse desistido de sua procura pela iluminação. Siddhartha os chamou: “Venham… e comam comigo”. E seus seguidores responderam: “Traíste os teus votos, mestre. Desistiu da procura. Não podemos continuar a te seguir. Não podemos mais aprender contigo”. Ao que Buda disse: “Aprender é mudar. O caminho para iluminação está no Caminho do Meio. É a linha entre todos os extremos opostos”.
Valiosa lição se encontra neste pequeno conto da vida de Buda. Analisando o momento em que vivemos na atualidade, sobretudo em nosso país, o Brasil, percebemos que existe uma onda de extremismos nos mais diversos setores da vida, principalmente na política, na economia, na educação, até mesmo na religião. Parece-me que virou obrigatoriedade se posicionar, mas este posicionamento tem que ser ou num extremo ou noutro de qualquer que seja o assunto.
O problema dos extremos é que eles criam inimizades, competição, disputa, gerando consequentemente emoções negativas de intolerância, rancor, mágoa, ódio. Para perceber isto, basta abrir seu perfil numa rede social e verificará que muitas amizades são desfeitas, porque os pensamentos ou ideologias são opostas.
A nós espíritas cabe nadar na contramão desta corrente. Devemos, como verdadeiros cristãos, apaziguar os extremismos dando o exemplo de compreensão e tolerância perante as ideias opostas às nossas em qualquer setor que seja. Saber lidar com as diferenças e a diversidade de pensamento e opinião é tarefa nossa enquanto discípulos de Cristo. Nosso objetivo deve ser levar luz às trevas e não ampliar a escuridão na qual ainda nos encontramos imersos. Ergamos, então, a bandeira da paz, do amor, da compreensão, da tolerância, do respeito, tendo em Jesus, e somente nEle, o Caminho, a Verdade e a Vida.
A lição aprendida por Budha deve ser a mesma a ser exercitada por nós: a de seguirmos o caminho do meio, ou seja, o caminho do bom senso. Assim como Allan Kardec, saibamos ser o “bom senso encarnado”, como estabeleceu Camille Flammarion no discurso fúnebre do Codificador. Segundo Joanna de Ângelis “Em qualquer trecho do caminho da tua evolução, Jesus deve ser o teu apoio, a tua direção, a tua meta, tendo em mente que através d’Ele e com Ele te plenificarás, alcançando Deus. O mais, são ilusões e engodos. Não te equivoques, nem enganes a ninguém.”
Jean Paul
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