Eis uma pergunta inquietante para aqueles que já pararam para refletir acerca do futuro do Espiritismo neste novo século, cujo principal expositor e representante da atualidade já se aproxima do fim de sua contribuição, ao menos, enquanto espírito encarnado. Mesmo considerando todo o vigor que ainda o acompanha, como se sabe, Divaldo Pereira Franco se aproxima do fim de seu trabalho na posição de quem tem se destacado como o maior divulgador da Doutrina Espírita em todo o mundo. E, diante desse cenário aqui vislumbrado, a indagação que muitos pensadores espíritas fazem é: o que será do Espiritismo após a era de Divaldo que, vale ressaltar, está prestes a ser mais uma vez homenageado, desta feita, com o lançamento de um filme biográfico prestes a entrar em circulação em todo o país?.
Embora para alguns, esse tipo de especulação pode ser visto como algo sem importância, ou mesmo, até desproposital, não é isso que particularmente penso. Ao contrário, considero esse ponto de reflexão instigante, sobretudo, se levarmos em conta que, o desencarne do segundo maior médium espírita brasileiro, sem esquecer aqui o nome do grandioso médium que foi Chico Xavier, representará um marco divisor importante para o futuro do Espiritismo no Brasil e no mundo, se levado em consideração o referencial que o trabalho de divulgação da Doutrina dos Espíritos tem alcançado a partir da experiência espiritista brasileira. Tratar-se-á do final de uma era de grandes divulgadores de trabalho ininterruptos apoiado no fenômeno da mediunidade, embora se saiba da existência de outros que continuarão desempenhando trabalho exemplar, porém, não com a mesma envergadura.
Dentro do cenário de previsibilidade e, diante deste traço difusor característico aqui ressaltado, uma das prováveis possibilidades que se desenha desde já, mesmo antes da partida de Divaldo deste plano físico, é a da consolidação de uma nova era de divulgação cujo referencial não estará mais centrada na pessoa de um grande expositor eminente, mas sim, numa nova frente de divulgadores espíritas. Esses, por sua vez, não terão seus trabalhos fundamentados no fenômeno que até aqui sempre atraiu uma multidão de pessoas que foi a mediunidade ostensiva, mas sim, ao que tudo indica, na exposição de ideias, pensamentos espiritistas baseados em análises feitas em torno dos pressupostos básicos do Espiritismo, para os quais, uma quantidade cada vez maior de seres, certamente, se voltarão, em busca de alívio para a onda de tormentos de todas as naturezas que varre a humanidade Brasil e mundo afora.
Neste sentido, levada em consideração, a atual conjuntura psicosférica que molda o tempo presente e o trabalho que vem sendo apresentado pelas principais entidades espíritas representativas espalhadas pelo país, em consonância, sobretudo, com a linha de pensamento da Federação Espírita Brasileira, as quais tem apostado na disseminação de um determinado perfil de oradores espíritas, o Espiritismo estará rumando não apenas em direção de um novo mas, sobretudo, desafiante tempo caracterizado pela pluralidade de canais humanos de divulgação. Dentro dessa previsão conjuntural, sai de cena a era caracterizada pelos nomes dos grandes guias espirituais que até então nortearam o trabalho de divulgação mediúnico de que Chico e Divaldo se fizeram os principais instrumentos e inicia-se um período a ser centrado na pessoa de cada um dos expoentes, muitos dos quais já despontam com grande poder de popularização, como é o caso de Haroldo Dutra Dias e o paraibano Rossandro Klinjei.
Os expositores menores, porém, não menos importantes.
Por outro lado, ao que tudo indica, também haverá um certo crescimento da relevância do trabalho de divulgação espiritista realizado de maneira mais descentralizada pelas casas espíritas espalhadas pelos rincões deste imenso país e sustentado pelas novas gerações de estudiosos e expositores os quais, para muito além dos encontros presenciais, estarão aprofundando esse trabalho através do vasto mundo virtual, valendo-se, para tanto, sobretudo, das mídias sociais. Algo que certamente se configurará num desafio ainda maior para as entidades representativas espíritas oficiais que permanecem tendo como uma das principais preocupações, a unidade do pensamento espírita.
Trata-se aqui de um ideal alimentado desde muito tempo pelas principais entidades representativas e que, pelo que ficou demonstrado até aqui, não passava de uma utopia. Não se pode ignorar que estamos nos referindo a uma doutrina de conteúdo não linear e de grande complexidade e que, vale ressaltar, se encontra nas mãos de livres pensadores. Não bastasse, há ainda de se considerar que vivemos numa nova era da humanidade regida pela lei da diversidade em todos os aspectos e dimensões da vida social e humana, inclusive de pensamento. E esse é, sem sombra de dúvidas, um dos maiores desafios para os novos representantes do Espiritismo, a quem, desde já, nos cabe, orar e desejar todo o amparo do Alto. Avante!