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De que são feitas as pessoas infelizes?

07 de Fevereiro de 2018 às 09h30

Vivemos num mundo em que a felicidade permanece sendo a meta primordial da existência humana. Entretanto, um olhar à nossa volta nos dá a nítida percepção de vivermos rodeados de um mar de pessoas profundamente infelizes. Uma realidade que, ao que parece, nem o irrefreável progresso das ciências tecnológicas, nem o avanço das correntes religiosas tem conseguido alterar sensivelmente. Mas afinal de contas, de onde tem brotado tanta infelicidade?. O que estaria por trás da multidão de seres profundamente insatisfeitos com a vida e que, muitas vezes, chegam ao ápice da desmotivação, adentrando em estados de depressão profundos e irreversíveis?

Óbvio que são muitos e diversos os fatores psicoemocionais e espirituais responsáveis por esse quadro e que, claro, seria impossível tratar de todos eles neste texto. Mas, arriscaria apontar aqui aqueles que, particularmente, com base em observações empíricas feitas dentro e fora das searas espíritas, destacaria como os principais. O primeiro deles não resta dúvidas que é a ingratidão. Jamais, alguém que não tenha desenvolvido dentro de si o sentimento da gratidão saberá ser feliz. Isto porque, como já vem sendo atestado cientificamente, a gratidão eleva o padrão psicoemocional e irradia energias espirituais salutares. O oposto de quem se habituou a reclamar e vive se alimentando de queixas frequentemente, ignorando as inúmeras dádivas que a vida lhe proporciona como, por exemplo, o despertar de cada novo dia.

O segundo componente psicoespiritual que identifica um ser infeliz, não resta dúvida de que é o rancor. Ao acumular mágoas dentro de si, sentindo-se vítima da maldade ou erros cometidos pelos outros - atitude esta, fruto de um espírito que ainda alimenta-se deste que é o pior de todos os sentimentos humanos, o orgulho-, o indivíduo cria uma barreira que o distancia da paz íntima, e o aprisiona num ciclo profundamente patológico Por esta razão, diz-se que o perdão é um dos maiores e mais eficazes antídotos para a libertação plena da alma humana, sem o qual, é impossível sair do estado de infelicidade. Analisemos o que nos diz o livro de Provérbios 17:9: “O amor pode superar o rancor, mas cuidado para não abrir velhas feridas. É melhor perdoar e esquecer. O que encobre a transgressão promove o amor, mas o que renova a questão separa os maiores amigos”.

O desejo incontrolável por sucesso e realizações pessoais calcadas única e exclusivamente em valores eminentemente mundanos é outro sinal evidente nos indivíduos profundamente infelizes. Algo, inclusive, identificado pelo maior nome do pensamento científico moderno, Einstein, que em bilhete entregue certa vez, como gorjeta a um mensageiro, no ano de 1922, em Tóquio, prescreveu a seguinte dica para uma vida feliz: “Uma vida simples e tranquila traz mais felicidade do que a busca pelo sucesso em um desassossego constante”.

Por fim, não resta dúvida de que, do ponto de vista espírita, uma das causas maiores da infelicidade humana permanece sendo o egoísmo. Uma verdade que vem sendo corroborada por diversas correntes de estudos acerca do comportamento humano, as quais atestam que aqueles que vivem isoladamente e reféns do individualismo, está fadado a uma vida profundamente infeliz. Como nos assevera o maior terapeuta de todos os tempos, cujas lições permanecem sempre atuais, o mestre Jesus, só amando o próximo como a si mesmo é que o ser humano será capaz de construir um real estado de felicidade. Isso porque, relembrando aqui as palavras do poeta camarada Vinicius de Morais: “é impossível ser feliz sozinho...”. Portanto, valorizar a companhia daqueles que nos cercam e, de modo ainda mais especial, aqueles com quem convivemos intimamente é uma atitude imprescindível para o bem estar psicoemocional e espiritual.