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Observar em profundidade - Monja Coen

12 de Dezembro de 2019 às 00h00

Se você puder fazer o prato ficar com uma carinha bonita – igual a gente faz com criança: bota um olhinho, um narizinho, boquinha... Você olha pra esse alimento e seus olhos se satisfazem. Os seus olhos sentem prazer em ver o alimento, então um dos seus sentidos já se satisfez.

Ao mesmo tempo que você estava olhando, você estava usando o seu olfato para sentir os sabores que estão nesse alimento. Sem olfato, não tem sabor, vocês sabiam disso? Os dois estão interligados.

E aí quando você coloca na sua boca você pode se lembrar que teve uma infinidade de seres que os produziram esses alimentos para que eles chegassem até você. Então o que seria um prato de comida pra fazer de qualquer jeito, você faz daquilo um ato sagrado. E não demora muito, é você olhar para aquele prato e pensar:

“Nossa, aqui tem arroz, tem feijão, tem batata. Pessoas plantaram, teve terra, teve água, teve sol, teve chuva, teve vento. Que bênção! E alguém cozinhou! E cozinhou em quê? Em panelas que foram produzidas em empresas, onde tinha fogão e quem é que fez esse fogão?”

E você vê, em um prato de comida, toda a vida da Terra. E é de uma grandiosidade, de uma beleza, de uma ternura, de uma simplicidade tão grande. Não tem um eu e a comida, como duas coisas, mas eu e a comida somos um só.

Este trecho faz parte da palestra feita no dia 23 de maio de 2019, na Livraria Saraiva do Shopping Eldorado, por ocasião do lançamento do livro Aprenda a viver o agora, da Editora Planeta.

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