Tornou-se comum a utilização de recursos de multimídia nas palestras, o que é muito bom, pois há enriquecimento das apresentações, prendendo a atenção do público e facilitando o trabalho do expositor. Seja nas empresas, universidades, escolas, em cursos, aulas ou pequenas apresentações – inclusive sociais, religiosas, culturais e recreativas – o uso generalizou-se. Felizmente, pois a antiga e incômoda transparência é hoje peça de museu. O professor José Carlos Cintra, professor titular da USP-São Carlos e autor de vários livros e DVDs – inclusive sobre a temática em questão – publicou no portal www.jperegrino.com.br , com o título Apresentações orais, importante matéria abordando as várias faces da questão, para onde remeto o leitor. Permito-me, todavia, transcrever alguns importantes trechos do texto: a) “(...) observa-se que muitas dessas oportunidades são desperdiçadas. As apresentações são ruins ou, na melhor das hipóteses, não se diferenciam das outras o suficiente para obter sucesso. É até comum se ver o tipo de apresentação em que o apresentador, de costas para público, apenas lê slides cheios de texto, com letras miúdas e figuras desinteressantes, sem qualquer entusiasmo. Não dá nem pra ter certeza de que o apresentador tem bom conhecimento do tema, pois ele se comporta como um mero explicador de slides, um refém da projeção. (...)” ; b) “(...) Uma coisa é conteúdo, outra coisa é forma. Um bom conteúdo é necessário, mas não é suficiente. É preciso acrescentar uma forma conveniente. E esse é justamente o papel da técnica de apresentação. É o papel de dar uma forma interessante ao conteúdo. (...)”. A apresentação pode ser comparada a um produto. De um lado, o conteúdo, de outro lado a forma, a “embalagem”, isto é, a técnica de apresentação. Logo, se a embalagem não é interessante (ausência de técnica), o produto não vende. A apresentação não se destaca, é enfadonha, monótona, desinteressante. É um produto que “encalha”. Portanto, imprescindível é o conhecimento, o uso de uma técnica de apresentação. (...)”; c) “(...) Essa técnica é constituída por uma tríade, ou seja, os seus fundamentos podem ser classificados em três grandes grupos: 1) a elaboração dos slides; 2) o uso correto do aparelho de projeção; e 3) o emprego dos recursos de oratória. (...)”; Sobre os três grandes grupos, Cintra observa: a) “(...) Considere os slides de uma apresentação. Podemos enquadrá-los na categoria de texto? De forma alguma. Os slides não são texto, são imagens. Essa é a base conceitual necessária para preparar bons slides. Eles são imagens projetadas numa tela. E, na condição de imagens, devem ser coloridos, ilustrados, isto é, devem ser visualmente interessantes, esteticamente agradáveis. (...)”; b) “(...) Nos bons slides, as frases são substituídas por tópicos ou palavras-chave, ressaltando-se a legibilidade com a recomendação de apenas sete linhas por slide. E esses tópicos não devem, de jeito nenhum, ser projetados todos de uma vez. Mas, um a um, na chamada projeção gradual (...)” Portanto, para elaborar slides há muito liberdade. E o grande segredo é usar bastante criatividade (...)”; c) “(...) é muito importante a postura do apresentador. No maior tempo possível, o apresentador deve fazer a chamada comunicação frente a frente. Isto é, deve olhar para o público o máximo possível. Não olhar para o chão, teto, etc., e evitar, ao máximo, olhar até para a tela de projeção. (...)”; O professor conclui o artigo falando sobre recursos de oratória, onde acrescenta: “(...) o apresentador deve olhar para o público o máximo de tempo possível. De pé, jamais sentado, o apresentador distribui o seu olhar de modo a varrer todo o público. Nada de estabelecer um ponto fixo ou de priorizar algumas pessoas do auditório. À comunicação frente a frente se adicionam os chamados recursos de oratória. O primeiro deles é a movimentação. De maneira moderada, movimentar-se o tempo todo. Não ficar imóvel, nem preso ao microcomputador. (...) Outro recurso é a gesticulação. Usar sempre uma gesticulação moderada, alternando as duas mãos, entre a linha de cintura e o queixo. (...) Por último, a voz. Em apresentações orais, obviamente a voz tem importância capital. Não havendo microfone, o volume ou intensidade de voz tem que ser compatível com o tamanho da sala e a sua acústica. Até na última fila tem que ser audível. O ritmo da fala deve ser moderado, nem muito acelerado, (...) nem muito devagar (...). A dicção, ou articulação como preferem os fonoaudiólogos, também precisa ser bem exercida para que as palavras sejam pronunciadas claramente. E, para completar, a entonação não pode ser esquecida. (...) A ausência da entonação é que estabelece a monotonia (etimologicamente, um único tom). (...)”. Sugiro ao leitor que busque o texto na íntegra no portal citado, pela expressão da matéria. Por outro lado acrescento ainda que um cuidado especial deve ser observado com a duração dos chamados clips utilizados ou trechos de filmes exibidos. Não podem ser longos, pois aí perde-se o sentido da apresentação. Ou vamos exibir um filme ou vamos fazer uma apresentação oral utilizando recursos de multimídia. É preciso o bom senso de alternar e controlar o tempo de apresentações de trechos de filmes. Sendo longo, gera cansaço ou desinteresse e prejudica-se o formato e objetivo da apresentação pretendida. Todo cuidado é pouco. Recursos existem e são bons, mas é preciso bom senso no uso.