A palavra bem define os dias atuais. Todos corremos contra o tempo, atribulados com o acúmulo de afazeres e numa análise geral, não conseguimos dar conta dos compromissos, que se adiam, ficam comprometidos ou até esquecidos.
Isso ocorre na esfera individual e coletiva, haja visto o volume de providências diárias com enorme gama de assuntos e, seja por negligência, incapacidade ou limitações de todo gênero, acabam desdobrando-se em consequências outras que exigirão novas providências e reparos de alto custo, não só financeiros como morais e mesmo psicológicos e emocionais, sem falar dos prejuízos decorrentes. Observe-se, por exemplo, os acúmulos de lixo ou sucata, sem quaisquer providências, abandonados, gerando doenças e ambientes de prostituição ou de vandalismo. E isso é apenas um exemplo material. Transfira-se a questão para o aspecto moral. O fato real, entretanto, é que as atribulações desviam os focos essenciais.
O mais interessante, porém, é que muitas delas poderiam ser evitadas. Ocorrem por força de nossos comportamentos ainda egoístas, gananciosos ou negligentes.
A definição da palavra já indica a questão: aflição, sofrimento moral, acontecimento desagradável, agrura, adversidade.
Naquelas que não podem ser evitadas, todavia, e resultantes dos testes de aprendizados e amadurecimento, vale recordar que nesse programa de aperfeiçoamento moral que devemos abraçar continuamente, o pensamento de Emmanuel no livro Abrigo, é marcante. Reproduzo alguns trechos parciais do extraordinário capítulo com o mesmo título Atribulações:
Se há crentes aguardando vida fácil, privilégios e favores na Terra, em nome do Evangelho, semelhante atitude deve correr à conta de si mesmos. Jesus não prometeu prerrogativas aos seus continuadores;
Asseverou que os discípulos e seguidores teriam aflições e que o mundo lhes ofereceria ocasiões de luta, sem esquecer a recomendação de bom ânimo;
Se o Mestre aludiu tanta vez à necessidade de ânimo sadio, é que não ignorava a expressão gigantesca dos serviços que esperavam os colaboradores;
A experiência humana ainda é um conjunto de fortes atribulações, que costumam multiplicar-se à medida que se nos eleve a compreensão;
Responsabilidades e compromissos envolvem sofrimentos e preocupações;
Peço ao leitor refletir sobre os itens acima, especialmente no item “d” acima. Elas tem grande utilidade para nosso amadurecimento, no enfrentamento das adversidades que nos conferirão imensos aprendizados e experiência. Por isso concluir aquele autor: “(...) porém tenhamos fé e bom ânimo. Jesus venceu o mundo.”
E, claro, agora podemos dizer de nós mesmos: tratemos de nos organizar para evitar as atribulações que podem ser evitadas e aprendamos administrar aquelas que não podem ser evitadas.