“Antes sedes uns para com os outros benignos”. Paulo – Efésios, 4:32.
Todos nós que procuramos encontrar na Doutrina Espírita o roteiro seguro para nossa renovação moral espiritual, estamos convocados a fixar e vivenciar seus ensinos, da forma mais legítima e fiel como um bom espírita, conforme “O Evangelho Segundo o Espiritismo” nos preceitua: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más”. (1)
Quando Allan Kardec se refere aos verdadeiros espíritas, procura distinguir pela observação, aquele cristão espírita que sabe administrar os recursos morais que a doutrina lhe confere, procurando aplicá-los, de forma correta, a benefício de todos, pois foi o próprio codificador quem afirmou a existência de vários tipos de espíritas, e que somente o Espiritismo bem compreendido e vivido é capaz de transformar moralmente a criatura.
Isto porque, viver o Espiritismo é pautar todas as ações pelos nobres princípios doutrinários, é moldar a conduta pela doutrina, nesse particular, é importante lembrarmos que não basta a conduta externa, mascarada, pois já somos sabedores de que o Reino de Deus não se conquista com aparências.
“Todos os que reconhecem a missão de Jesus dizem: Senhor! Senhor! – Mas, de que serve lhe chamarem Mestre ou Senhor, se não lhe seguem os preceitos? Serão cristãos os que o honram com exteriores atos de devoção e, ao mesmo tempo, sacrificam ao orgulho, ao egoísmo, à cupidez e a todas as suas paixões? Serão seus discípulos os que passam os dias em oração e não se mostram nem melhores, nem mais caridosos, nem mais indulgentes para com seus semelhantes? Não, porquanto, do mesmo modo que os fariseus, eles têm a prece nos lábios e não no coração. Pela forma poderão impor-se aos homens; não, porém, à Deus. Em vão, dirão eles a Jesus: “Senhor! não profetizamos, isto é, não ensinamos em teu nome; não expulsamos em teu nome os demônios; não comemos e bebemos contigo?” Ele lhes responderá: “Não sei quem sois; afastai-vos de mim, vós que cometeis iniquidades, vós que desmentis com os atos o que dizeis com os lábios, que caluniais o vosso próximo, que espoliais as viúvas e cometeis adultério. Afastai-vos de mim, vós cujo coração destila ódio e fel, que derramais o sangue dos vossos irmãos em meu nome, que fazeis correr as lágrimas, em vez de secá-las. Para vós, haverá prantos e ranger de dentes, porquanto o reino de Deus é para os que são brandos, humildes e caridosos. Não espereis dobrar a justiça do Senhor pela multiplicidade das vossas palavras e das vossas genuflexões. O caminho único que vos está aberto, para achardes graça perante ele, é o da prática sincera da lei de amor e de caridade. (…).” (2)
O Mestre Lionês dizia sempre em seus discursos que o Espiritismo “é uma questão de fundo e não de forma”. Por isso mesmo, não podemos pensar em vivê-lo de maneira enganosa, antes da conduta externa, precisamos reformar a nossa conduta interna, modificar nossos hábitos mentais e verbais viciosos, e buscar de todas as formas, pensar, falar e agir de acordo com os princípios renovadores da moral espírita.
Em qualquer ramo de atividade que exerçamos nossas habilidades profissionais ou voluntárias, precisamos dar exemplo de que os conceitos da codificação da doutrina espírita já nos norteiam os passos. Não nos tornemos simples número entre os que estudam os fundamentos do consolador, sem dar testemunho de seu aprendizado. Procuremos, de forma honesta e fraterna, entender que o nosso semelhante é um ser que merece toda atenção e respeito.
Seja qual seja a condição em que estivermos inseridos na sociedade, vivenciemos a mensagem elevada do Cristo no nosso dia a dia, enobrecendo a vida com as virtudes que a fé raciocinada dos fundamentos do Espiritismo nos solicita desempenhar com alegria e satisfação para que possamos manter a consciência tranquila do dever retamente cumprido. Seguindo os nossos princípios de ética e moral, somos constantemente convocados a lecionar disciplinas de entendimento e conduta, na ação da caridade que nos cabe realizar.
Urge agir com responsabilidade em nossas atitudes, para com a vida, para com o próximo e para com nós mesmos, agindo como um “embaixador” das lições do Mestre de Nazaré, enobrecendo os valores da nossa condição de ser humano, inteligente, capaz de raciocinar e desenvolver nossas responsabilidades perante a Soberana Sabedoria do Universo, pois, na condição de espírita que afirmamos ser, a disciplina e a caridade devem ser observadas em todas as nossas ações no interesse do bem comum.
Hoje, precisamos ser solidários, amanhã precisamos ser compreensivos, mais tarde precisamos dar testemunho de renúncia e devotamento ao trabalho, mais adiante é chegado o momento de saber perdoar incondicionalmente, enfim, desenvolver o nosso espírito no sacrifício em prol de nossa elevação moral e espiritual. A Doutrina Espírita é, na essência, uma universidade onde buscamos nossa necessária, urgente e inadiável redenção. Cada um de seus seguidores sinceros, deve ter como meta primordial, empenhar os maiores esforços no burilamento interior, e procurar educar-se para, posteriormente, também educar.
Assim sendo, se já compreendemos o salutar conteúdo da mensagem do Consolador Prometido por Jesus, abracemos com carinho e responsabilidade as tarefas que a vida nos confiou, seja nesse ou naquele, o setor de nossas atividades, e preparemo-nos para, a todo instante, do nosso dia a dia, ensinar o caminho da elevação, pela nobre arte do exemplo.
Francisco Rebouças
Agenda Espírita Brasil