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Miopia: 3 conselhos para combatê-la e ter uma visão melhor

A Organização Mundial de Saúde estima que até 2050, 52% da população mundial sofrerá com esta condição, que nos casos mais extremos pode causar cegueira. Mas será que há soluções para isso?
19 de Dezembro de 2018 às 08h40

Elementos cada vez mais presentes na vida cotidiana, como celulares, tablets e computadores, são apontados entre os principais culpados pelo aumento nos casos de miopia no mundo.

O índice de pessoas com esse tipo de deficiência visual é tão alto que a Organização Mundial de Saúde (OMS) começa a considerá-la uma epidemia em muitos países.

A previsão é de que, em 2020, cerca de 35% da população mundial estejam sofrendo de miopia e que, em 2050, o número tenha alcançado 52%.

As pessoas com essa condição têm boa visão de perto, mas enxergam com dificuldade à distância - o que significa que conseguem ler livros ou ver imagens na tela do computador, por exemplo, mas de longe têm a sensação de vista embaçada.

A miopia causa problemas não só devido aos danos diretos à retina, mas também por aumentar o risco de catarata e glaucoma - e, em casos extremos, levar à cegueira.

As complicações associadas a ela têm um alto custo social e econômico.

Mas há alguma forma de combater a miopia?
Segundo o instituto de pesquisas australiano Brien Holden Vision Institute, em um relatório endossado pela OMS, algumas medidas e tratamentos podem ajudar a retardar o aumento da dioptria - a unidade de medida que determina o grau de miopia.

1 - Atividades ao ar livre

Há evidências de que o tempo passado ao ar livre pode retardar a aparição e possivelmente reduzir a progressão da miopia.

Em um estudo citado no relatório, é observado que a incidência de novos casos de miopia foi significativamente reduzida ao longo de um ano - em cerca de 50% - quando o tempo ao ar livre tempo foi aumentado em 80 minutos por dia para crianças entre 7 e 11 anos.

"Ainda não se sabe que mecanismo exatamente faz com que as atividades ao ar livre exerçam um efeito protetor. Mas imagina-se que, nessa condição, o olho se acostume a focar objetos distantes", explica Alfredo García Layana, especialista em Oftalmologia da Clínica da Universidade de Navarra.
Especialistas também apontam atividades que aumentam a propensão à miopia.

"As pessoas que lêem muito, escrevem muito ou realizam trabalhos no computador podem ter um risco maior de desenvolvê-la. A quantidade de tempo que uma pessoa passa em jogos eletrônicos ou assistindo à TV também pode influenciar", explicam os especialistas da Clínica Mayo em sua página na internet.

2 - Atropina
A aplicação de baixas doses de colírio de atropina nos olhos é apontada como medida eficaz para reduzir o aumento da miopia.

Segundo a OMS, uma dose de 0,01% tem poucos efeitos colaterais. A Organização cita um estudo no qual o uso nessa proporção reduziu a progressão da miopia em 50% em crianças de 6 a 9 anos.

Quando administrada diariamente em dose baixa, a atropina estimula os músculos dos olhos o suficiente para controlar a miopia e prevenir seu avanço.

"A atropina é indicada para crianças que já têm miopia, enquanto continua seu estágio de desenvolvimento, que é quando o globo ocular segue crescendo", diz García Layana.

Este medicamento, lembra o especialista, não está disponível para o público em geral e, como qualquer outro, só deve ser utilizado com prescrição médica.

3 - Óculos e ortoceratologia

Há evidências de que os óculos multifocais podem reduzir ligeiramente a taxa de progresso da miopia. As lentes bifocais, por sua vez, estão associadas a reduções substancialmente maiores.

Mas há ainda outro método que ajuda a combater a miopia: é a ortoqueratologia, um tratamento não-cirúrgico que permite reduzir a miopia.

A ortoceratologia implica o uso de lentes de contato rígidas à noite.

Há evidências de que "o uso dessas lentes durante a noite achata a córnea fazendo com que o olho possa focar melhor ao longo do dia. Além desse efeito óptico, existem estudos que sugerem que a ortoceratologia também pode frear a progressão da miopia", diz García Layana.


No entanto, esse é o método mais caro de todos. Um par dessas lentes custa entre US$ 800 e US$ 1.500 (aproximadamente de R$ 3.120 a R$ 5.850).

"O uso dessas lentes levou a uma redução constante na progressão da miopia de aproximadamente 45% em um período de dois anos e de 30% em cinco anos", explica o relatório ao citar esse estudo.
BBC