Acontece nos dias 13 e 14 de outubro, na França, o Congresso Espírita “Medicina, Ciência, Filosofia e Religião – Que futuro com o movimento espírita?”. Para falar sobre o assunto, a RFI conversou com a presidente da Federação Espírita dos Estados Unidos, Jussara Korngold, que fala sobre o desenvolvimento da doutrina no território norte-americano
Jussara Korngold explica que, nos Estados Unidos, houve dois grandes momentos para o espiritismo. “As raízes do espiritismo estão lá desde 1948, com as irmãs Fox. Depois, existiu uma grande migração de pessoas da América Latina na década de 20, 30, do século passado, que levaram um espiritismo caracteristicamente hispânico".
Mas foi em meadas da década de 80 houve que houve o que Jussara classifica de uma "invasão brasileira, que deu realmente um impulso muito grande”. Segundo ela, atualmente há cerca de 90 centros espíritas nos Estados Unidos.
Jussara afirma que os congressos que discutem espiritismo e medicina, como o que acontece em Paris, não param de se desenvolver, mostrando as passarelas existentes entre diferentes áreas. Ela traça, por exemplo, uma análise da ascensão de governos extremistas e retrógrados no mundo à luz da doutrina, que se baseia na ideia de evolução. Jussara lembra que faz parte do processo evolutivo pregado pelo movimento espírita as escolhas individuais – que são carregadas de responsabilidade. “Não podemos dizer que certas tendências mundiais são uma fatalidade, que já estava escrito. Não, nós estamos fazendo isso. É o povo que elege os políticos. É preciso que as pessoas se informem para que elas façam escolhas coerentes e não ficar na turma que reclama”.
Há sempre a possibilidade de escolher dois caminhos para chegar ao mesmo lugar, de acordo com Jussara Korngold, mas cada um tem os seus percalços. “Você pode ir pelo caminho que é correto, que pode não te dar imediatamente o que você precisa. E outro que vai te dar o que você quer imediatamente, mas você vai ter que lidar com as consequências”, declara.
"Cidadão de bem" ou "pessoa de bem"?
Quanto à questão moral, Jussara Korngold diferencia a noção de cidadão de bem, usada no Brasil por setores conservadores da sociedade, de “pessoa de bem”, segundo a doutrina espírita.
“Vamos tocar numa regra de ouro para diversos pensamentos religiosos e filosóficos, que é fazer ao outro aquilo que você queria que ele fizesse por você”, reflete. “É impressionante como uma frase tão simples pode ser extremamente abrangente. Só posso fazer aos outros o que faço a mim mesmo. Não posso amar aos outros se não amo a mim mesma. Tudo começa a partir de nós mesmos. Se eu não entendo que sou um ser humano falho, como terei compaixão por outras pessoas?”