Neste mês de outubro, costuma-se registrar o aniversário de nascimento de Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita. Pseudônimo de Hippolyte Léon Denizard Rivail, Kardec esteve encarna- do entre nós de 3 de outubro de 1804 e 31 de março de 1869. Neste mês, a passagem de Kardec entre nós faz, portanto, mais de dois séculos de permanência de um legado transformador para a Huma- nidade: a Doutrina dos Espíritos, que certamente foi possível de ser implantada na Terra devido ao cuidado, ao zelo e ao método do notável estudioso francês.
As casas espíritas de todo o país prepararam uma programação especial para homenagear e apresentar algumas reflexões sobre o homem e o missionário que dedicou parte importante de sua vida para a sistematização da Doutrina. Procure a casa que você faz parte e saiba qual a programação do mês de outubro.
Allan Kardec: o homem e o missionário
"Aceitai!", ditaram os invisíveis, utilizando-se das batidas de uma mesa de carvalho, ao final de uma reunião na casa da Senhora De Plainemaison, em 18 de maio de 1855. Diversos membros da Socie- dade Parisiense estavam presentes à sessão, dentre eles, com olhar atento de um homem da ciência, estava o ilustre professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, o qual não aceitou aquele fato. “Só acreditarei se me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar e nervos para sentir”, duvidou o cético pedagogo ante o fenômeno das mesas girantes. A obra Kardec – a Biografia, escrita pelo jornalista Marcel Souto Maior, tem uma riqueza de detalhes e personagens, em consonância com uma linguagem agradável e cativante. A leitura faz-nos viajar na história contemporânea para investigar o codificador e os primórdios do Espiritismo. O autor não professa a Doutrina Espírita e nenhuma outra religião, fato que traz maior autenticidade e lisura à obra. O biógrafo lançou-se a campo para realizar sua pesquisa, objetivando descrever a vida e a obra de uma das maiores personalidades do século XIX. Allan Kardec nasce juntamente com a missão de divulgar e alicerçar uma nova filosofia, a qual mudaria a forma de o homem ligar-se a Deus, unindo fé e razão, ciência e religião. Com um olhar jornalístico, o autor evitou impor ao texto a mistificação do Espiritismo e a mitificação do biografado. O professor Rivail era conhecido por ser um fiel discípulo e grande colaborador do célebre pedagogista suíço Pestalozzi. "De estatura média para época, 1,65m, o professor Rivail exibia a palidez salpicada de sardas de uma vida em confinamento, sempre debruçado sobre a escrivaninha do escritório ou de pé nas salas de aula entre os alunos e a lousa. Com a voz clara e firme, gestos sempre sóbrios e contidos, demonstrava um talento especial para a oratória e – como professor
habituado à peleja de envolver os alunos – era capaz de iniciar sua fala no tom mais suave possível, até encerrá-la com explosões de eloquência. Fazia questão de comunicar: nas conversas, palestras e páginas dos livros. Era quase uma obsessão sua ser o mais didático. E não faltavam lições a preparar e difundir naquele século de tantas dúvidas e descobertas." Rivail assinava seus livros com a chancela de H.L.D. Rivail, sendo esses adotados por escolas e universidades da França. Após o encontro com o fenômeno espiritual, realizou uma dedicada pes- quisa, compilando as diversas comunicações racionais e inteligentes recebidas dos guias do além, apresentando ao mundo a figura do ilustre desconhecido Allan Kardec que assina O Livro dos Espíritos, lançado em 18 de abril de 1857. A cada história que lemos nessa biografia, cresce a nossa admira- ção e o nosso respeito pelo mestre francês. Em diversos momentos, temos a sensação de estarmos vivenciando as dificuldades e as ale- grias dos momentos iniciais da Doutrina, ao lado dos Espíritos, dos colaboradores e dos amigos de Kardec. O livro é dividido em oito partes, escrito na forma de contos, enriquecido pela transcrição de trechos de diversas notícias da época, documentos e textos utilizados na Revista Espírita, aquele “periódico mensal criado por Kardec no qual o público poderia acompanhar o progresso da nova filosofia e se prevenir contra os exageros da credulidade e do ceticismo”. A biografia contribui para conhecer o homem atrás de Allan Kardec, relatando a intimidade do codificador, os seus primeiros contatos com o mundo espiritual, sua perseverança e dedicação. O professor Rivail, quando se deu por convicto de que os fenômenos seriam inquestionáveis, decidiu compartilhar com toda a Humanidade os ensinos superiores que serviriam de base para o entendimento dos ensinos de Jesus, não se preocupando com os olhares julgadores da sociedade e das religiões. Sofreu duras críticas e decepções, mas manteve-se firme no propósito de dar voz aos espíritos, deixando um legado de amor e de esperança aos corações humanos.
Fonte: Jornal O Ideal
Jornal O Ideal