Branca de Neve e os anões, Emílias, bailarinas e diversos bichinhos participaram de um desfile especial na Mansão do Caminho, na manhã desta quinta-feira (19). Na verdade, os personagens foram interpretados pelas 2.500 crianças e jovens que estudam nas escolas do centro espírita, no bairro de Pau da Lima.
O desfile animado foi em homenagem ao Mês das Crianças e percorreu as ruas dentro do centro, durante a manhã. O líder religioso Divaldo Franco acompanhou a apresentação. Para ele, é importante proporcionar esses momentos aos jovens, como uma possibilidade de outros exemplos de vida.
“Nós comemoramos o Dia da Criança todos os dias, porque a criança é porvir, e se não cuidarmos hoje desse porvir teremos os desastres que se apresentam na atualidade. Apresentamos, hoje, um dia com um desfile de todas as escolas e todos os setores de Educação. Nós apresentamos personagens históricas e narramos suas vidas. Isso impregna de tal forma na criança e no adolescente que ele poderá escolher modelos para si”, explica.
Ainda de acordo com o médium, as atividades têm diminuído o comportamento violento de alguns jovens. “Temos tido sucesso, porque tem diminuído a agressividade. Em nossas escolas, que somam 2.500 alunos, não temos brigas, e em toda nossa comunidade não existe grafite ou vidro quebrado. Temos conseguido em atividades festivas, de solidariedade e competições que eles descarreguem suas energias desequilibradas”, comenta.
Além de gravar uma mensagem falando sobre a importância do amor nas relações interpessoais (ver logo abaixo), ele bateu respondeu a alguns questionamento do CORREIO sobre como lidar com os jovens diante da violência, nos dias de hoje. Confira.
- Como tem visto a situação dos jovens e crianças que se envolvem desde cedo com a violência?
- Como lamentável. Quando descuidamos dos jovens, descuidamos do futuro, porque eles vão nos substituir, pela própria velocidade do tempo biológico. Precisamos manter um clima de paz, porque os instintos agressivos que são naturais estão sempre ao alcance de qualquer fator desagradável. Uma criança que vive em um clima hostil, que é maltratada pelos pais ou sequer conhece os pais, ou que vive em um bairro violento, torna-se violento.
Aqui nós cuidamos para que as crianças passem o dia em um clima de paz, em um movimento de aceitação de si mesmas. Todas têm o direito de expressar-se dentro de suas possibilidades. Trabalhamos muito o respeito ao outro, mostrando que a liberdade tem limite. Quando a liberdade ultrapassa o limite do outro, ela é libertina, e o não respeito ao outro é o que gera a violência urbana, a violência do país, mas, sobretudo, a violência dentro do lar. Para acabar com a violência, procuramos favorecer a não-violência, porque se começarmos a combater a violência, seremos violentos contra violentos. Através da pacificação, se educarmos e reeducarmos, a violência desaparece. Sendo um instituto de educação, fazemos com o que instituto se transforme e se transforme em solidariedade.
- Então, o senhor acredita que com esse movimento a violência poderá diminuir?
- Acredito e acredito que ela desaparecerá. Observe uma frase de Gandhi: “se em uma casa alguém tem paz, termina por deixar a casa pacífica. Se tem uma casa em rua que tem paz, a rua fica pacífica. Se uma cidade tem um bairro pacificado, a cidade vai beneficiar-se”. A maior impregnação é do bem, é da paz, da saúde. O contágio da doença, da violência, é grande, porque supera as atitudes pacíficas e pacificadoras, Mas o poder da não-violência é muito maior do que seu oposto.
- O senhor já ressaltou essa percepção de se pensar no contrário, ao invés da violência, mas como fazer isso em outros contextos, como na situação política do nosso país?
- Podemos mudar o mundo, na hora que mudamos a nós mesmos. Quando me torno uma pessoa gentil, nesse momento, o mundo se torna menos agressivo. Quando eu não revido uma discussão, ela acaba. Quando eu ajo, o outro não me pode agredir porque simplesmente eu estou em paz. vejamos o caso de Jesus, em Cedrom, que recebeu uma bofetada de um soldado e ele perguntou como “por que me bateu?” e ele desarma.
Confie no amor. Se nos amarmos realmente, sem o sentimento de reciprocidade, eu falo do amor da libido, mas do amor humano, da generosidade. Às vezes, as pessoas moram em nossa casa e não as não vemos, não dialogamos, mas as temos o prazer de nos relacionarmos pelo WhatsApp. Nos apaixonamos por alguém que está na Ásia, na África, e dentro de casa somos detestados. É necessário que conquistemos o lar, a nossa família. Ouço muitas vezes de pessoas que deixam de ir para casa e vão para o barzinho, porque sabem que quando chegarem em casa vão ter uma briga. Mas se tiver um clima de paz, de harmonia, que proporciona o momento o desejo de ser feliz, vai trocar o barzinho pelo lar, vai trocar a discussão pela conversa. Hoje não conversamos, apenas discutimos e estamos sempre uns contra os outros, quando deveríamos estar desarmados uns com os outros.
Eu tenho 90 anos, quase um século de vida, e já vi tudo que se pode imaginar. Constato, no término da minha existência física, que o amor sempre vence. A fraternidade, o perdão, a tolerância são linhas básicas para o bom comportamento. Às vezes, não é bom para o outro, mas é bom para você. Há pouco tempo eu li uma frase que me impressionou muito: “perdoe, mesmo aquele que não merece perdão, porque você merece ficar em paz”.
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