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De pai para filho. O que é a paternidade?

09 de Agosto de 2020 às 18h05

O Brasil é o único país no mundo que comemora o “dia dos pais” no segundo domingo de agosto. Dada a predominância da religião católica em nosso País, o publicitário Sylvio Bhering, em 14 de agosto de 1953, sugeriu fosse aqui celebrado no mesmo momento do dia de São Joaquim, patriarca da família, para fortalecer os laços familiares e a valorização das figuras paternas.

A data foi posteriormente convencionada para o segundo domingo de agosto, por questões comerciais, passando a ser uma tradição presentear-se os pais nesta ocasião.
Mas não foi este o intuito inicial da comemoração, que surgiu nos Estados Unidos, por iniciativa de Sonora Louise Smart Dodd, filha de um veterano de guerra - John Bruce Dodd – viúvo que assumiu a criação de seus seis filhos quando sua esposa desencarnou no último parto. A filha queria homenagear o pai com rosas vermelhas e aos pais desencarnados, com rosas brancas.
A data é comemorada em alguns países e, no Brasil, tornou-se uma tradição carinhosa, além de ser uma das datas mais rentáveis para o comércio.

Mas o que seria a paternidade, na visão espírita cristã? Uma missão? Um encargo? Um presente? Um talento? Ou uma expiação?
Desde a primeira revelação, há a recomendação de inspiração Divina de Honrar Pai e Mãe, merecendo o ensino um capítulo específico no Evangelho Segundo o Espiritismo.

A incumbência da paternidade deve ser considerada sagrada, na medida em que é imprescindível a atuação paterna para a geração do ser humano, bem como sua representatividade como figura formadora da personalidade.

É muito mais do que o dever de prover a manutenção do corpo, do que demonstrar a virilidade requisitada para compor o conjunto de características que formam o filho. A missão da paternidade deve ser permeada pela atitude protetora, amiga, confiável, forte e perseverante nas conquistas dos degraus evolutivos.

Pode ser, inclusive, oportunidade de crescimento provacional. E na maioria das vezes, de aprendizado recíproco, uma vez que são muitas as lições trazidas pelos filhos aos pais. Assim é que a humildade é virtude inerente ao exercício da arte de ser pai.
Na era contemporânea, os pais que abraçam as lições do espiritismo vêm deixando de lado aquela figura impositiva, para melhor aproveitar as experiências amorosas que a paternidade lhes traz, aproximando-se dos filhos com uma maior consciência da responsabilidade que a condição paternal lhes equipa, observando-se uma nítida evolução no exercício desta nobre bênção.
A antiga expressão “de pai para filho” representa sempre um negócio com uma condição mais vantajosa para o filho, mesmo que figurativamente falando, para dizer que o pai abdica de qualquer vantagem em favor de seu filho.

No entanto, busca-se o desvencilhamento da excessiva permissividade, para levar aos filhos a medida do respeito amoroso, da orientação que deixa aos filhos o uso do livre arbítrio, do pronto amparo nas quedas e no ensino que errar é natural e traz o aprendizado como consequência.
Sendo assim, cada um de nós, em algum momento de nossas existências, exerceremos perante o nosso próximo a postura benevolente do pai do filho pródigo, aquele que abraça os filhos que se rebelam e reveem seus equívocos, pedindo perdão e se mostrando abertos ao recomeço, aquele que preza os filhos que estão perenemente ao seu lado, partilhando as bênçãos de que goza, aquele que sorri feliz ao se deparar com seu filho, promovendo uma festa no coração e amando incondicionalmente.
Celebremos, pois, o dia dedicado aos pais e o “pai” que cada um de nós pode tentar ser para os que nos cercam. Paternidade é bênção, é degrau para nosso crescimento, é ponte para chegar ao coração do Pai maior, pelos exemplos de Jesus, nosso irmão maior, que nunca nos desampara.

Luiza Úrsula Matias de Azevedo

Trabalhadora da Federação Espírita do Rio Grande do Norte - FERN