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Congresso de Cardiologia em Porto Alegre aborda a importância da inclusão da espiritualidade no atendimento ao paciente

Diretriz de Prevenção Cardiovascular vai citar a espiritualidade, além de outros temas, como obesidade, e tabagismo. Segundo médico, uma pessoa que está de bem consigo mesma é 'menos propensa a ter qualquer alteração no sistema cardiovascular'.
25 de Setembro de 2019 às 14h40

No Congresso Brasileiro de Cardiologia, que ocorreu neste fim de semana em Porto Alegre, médicos debateram problemas cardiovasculares e outras questões relacionadas com a saúde do coração. Um dos temas abordados foi a importância da inclusão da espiritualidade no atendimento ao paciente.

Conforme o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Oscar Dutra, a Diretriz de Prevenção Cardiovascular vai citar a espiritualidade e fatores psicossociais, além de outros temas, como pressão alta, diabetes, obesidade, colesterol e tabagismo.

Sobre a parte espiritual, a orientação é de que o médico pergunte ao paciente sobre o assunto.

"Isso é uma das normas que recomendamos na diretriz, o médico deve abordar 'você é religioso?', 'que religião você segue?', 'qual a sua tendência religiosa?'. As pessoas se abrem e contam a respeito disso. Mas isso não é feito com regularidade por conta do médico, o médico tem medo de daqui a pouco não ter resposta para tudo aquilo que o paciente está respondendo ou questionando. É um tema novo, um tema interessante", afirma.

Dutra relata os benefícios que a espiritualidade pode trazer, e cita uma diminuição na probabilidade das pessoas desenvolverem problemas no sistema cardiovascular.

"Quando uma pessoa está de bem consigo mesma, ela é bem mais tranquila, menos raivosa, menos propensa a ter alteração no sistema cardiovascular, pressão alta, aumento da frequência cardíaca, ou mesmo, arritmias", afirma.

"Uma pessoa que tem alterações na sua espiritualidade, tem alterações no seu mecanismo de controle cardiovascular. Vou dar um exemplo, quando a gente está de bem, uma coisa que a gente ouve é 'Tô de bem com a vida'. Estar de bem com a vida significa que espiritualmente você está muito bem. Se eu estou de bem com a vida, as minhas glândulas que secretam hormônios, vão secretar muito menos. Um exemplo clássico disso é de uma glândula que se chama suprarrenal que é a responsável pela secreção de um hormônio, que é normal, mas que secretado em excesso traz problemas, como a adrenalina. Adrenalina aumenta a frequência cardíaca, adrenalina aumenta a pressão arterial, então isso é uma das consequências de não estar bem espiritualmente, não estar bem consigo mesmo", acrescenta.

Dutra acrescenta que há uma diferença entre espiritualidade e religião. Conforme o cardiologista Mário Borba, o importante é que a pessoa consiga realizar uma reflexão.

"Naquele paciente muitas vezes ateu, ou agnóstico, mas que aceita fazer um processo de meditação, aceita ter umas experiências mais contemplativas em relação à vida, que aceita fazer reflexões pessoais, esses pacientes que buscaram uma meditação, mesmo que não seja uma meditação religiosa, eles também tiveram benefício, e um benefício muito grande", afirma.
Dutra conta que os médicos estão empolgados com a diretriz. "O campo da espiritualidade é muito antigo, mas explorado no campo médico deve ter 5 anos no máximo", acrescenta.

Dados preocupantes no RS
O coração e os cuidados para controlar a pressão alta, os níveis de açúcar, colesterol e a obesidade, também estiveram no foco do congresso.

No evento, surgiram dados preocupantes sobre a saúde dos gaúchos. Na Região Sul, o RS é estado que mais registrou, em 2017, mortes por infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Foram 7.417 mortes por AVC, e 7.207 por infarto. G1