A velocidade com que os rejeitos de mineração soterraram mais de 200 hectares da zona rural de Brumadinho (MG), bem como a profundidade de vários metros da camada de lama em certos pontos, faz com que a tragédia brasileira se assemelhe, em certos aspectos, à erupção vulcânica que devastou a cidade romana de Pompeia no ano 79 d.C.
É o que dizem especialistas ouvidos pela Folha, que apontam que as características do desastre podem tanto facilitar quanto dificultar a preservação dos corpos e dos pertences das vítimas que ainda não foram encontrados - por enquanto, calcula-se que ainda há mais de 200 pessoas desaparecidas.
"Para mim é até difícil falar sobre isso. Fico muito sensibilizado porque conheço Pompeia e vi de perto como foi terrível", diz o géologo e paleontólogo Tito Aureliano Neto, da Unicamp ( Universidade Estadual de Campinas). Em vez do fluxo de detritos vulcânicos, que enterrou a antiga cidade em camadas de vários metros no curso de poucas horas, ocorreu um processo similar com os rejeitos da barragem da mineradora Vale. Folha de São Paulo