Dando continuidade a série de reportagens sobre fé, religião e espiritualismo. O Brazilian Times publica hoje mais um artigo sobre o assunto. A discussão é ampla e complexa, não visando educar, julgar ou promover nenhuma religião, culto ou seita. Nossa reportagem conversou com pessoas comuns que falam de suas experiências pessoais e de como buscam o bem-estar espiritual. Esta semana conversamos com Andréa Costa da cidade de Mariana, MinasGerais. Andréa viveu nos Estados Unidos entre 2001 e 2003 para estudar inglês. Após retornar ao Brasil fez Especialização em Ensino de Língua Inglesa pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e Mestrado em Letras pela UFOP (Universidade de Ouro Preto), mesma instituição onde cursou História na graduação.
Aos 41 anos Andréa tem uma visão simples e contemplativa do mundo. "A religião para mim representa as crenças de determinado grupo de pessoas que buscam seguir as regras estabelecidas de um grupo menor que se diz representante de uma verdade espiritual. A espiritualidade é um sentimento de necessidade do ser humano em estar conectado com algo superior, algo que o torna melhor, que o faz buscar o autoconhecimento e o desenvolvimento moral. Religião e espiritualidade podem caminhar juntas ou não, dependendo da escolha de cada indivíduo", diz a mineira sobre o que pensa sobre religião. Ela diz concordar com o teólogo francês Pierre Chardin e ressalta: "Não somos seres humanos passando por uma experiência espiritual. Somos seres espirituais passando por uma experiência humana."
Andréa foi criada dentro da religião católica e hoje estuda e pratica o espiritismo. "O espiritismo é ao mesmo tempo ciência, filosofia e religião. Uma doutrina, ou seja, um conjunto de princípios codificados por Allan Kardec na segunda metade do século XIX, mais precisamente a partir de 1857, e que tem como base a crença na vida após a morte, na reencarnação e, portanto, na oportunidade de um mesmo espírito ter diversas vestimentas corpóreas com o objetivo de depuração de sua alma, do seu desenvolvimento moral, para que um dia possa se aproximar de Jesus. Para nós espíritas, e de acordo com Allan Kardec e os ensinamentos de Jesus, fora da caridade não há salvação. Caridade em seu sentido mais moral do que material, sobretudo, da compaixão, da tolerância, do perdão, do constante exercício de se colocar no lugar do outro", explica. Ela diz que recebeu críticas quando decidiu se tornar espírita e fala que isto não atinge sua busca por uma paz espiritual e sintonia com o divino. "Naturalmente, toda crítica pode gerar ou não sentimentos bons e ruins. É necessário persistir na busca por autoconhecimento e tentar agir ao invés de reagir quando alguém faz uma crítica que nos atinge. Cada um está em um estágio evolutivo em direção ao Cristo, e cabe a cada um de nós respeitarmos esse histórico que cada indivíduo traz consigo. Em amoroso acordo com o nosso querido Chico cito: 'Tenho sofrido muitas perseguições da parte de espíritos inimigos da Doutrina, mas dizendo-lhes com sinceridade, as maiores dificuldades que enfrento para perseverar no serviço da mediunidade são oriundas de minhas próprias imperfeições'. Nunca quis mudar a religião de ninguém, porque, positivamente, não acredito que a religião A seja melhor que a religião B. Nas origens de toda religião cristã está o Pensamento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Se Allan Kardec tivesse escrito que 'fora do Espiritismo não há salvação', eu teria ido por outro caminho. Graças a Deus ele escreveu 'Fora da Caridade', ou seja, fora do Amor não há salvação”, afirma.
Perguntada sobre a receita para ser feliz e ter paz de espirito a resposta é clara e objetiva: "Colocando em prática o que Jesus amorosamente nos ensinou: amar aos outros como a ti mesmo.O Cristo não pediu muita coisa, não exigiu que as pessoas escalassem o Everest ou fizessem grandes sacrifícios. Ele só pediu que nos amássemos uns aos outros. Não acho que seja tudo bem simples para nós, foi simples para o Cristo, um ser superior enviado por Deus. Entre nós seres humanos no planeta terra é muito simples dizer, mas o fazer o que se diz é das tarefas mais árduas, a busca por ser cada vez melhor é constante..." brazilian times