É preciso compreender que existe amor e misericórdia na Lei de Ação e Reação, afinal Deus - justo e onipotente - não poderia ser ao mesmo tempo vingativo.
Sua perfeição está caracterizada na própria Criação, regida por leis fraternas e imutáveis.
É assim que destinados que somos à felicidade como Espíritos imortais, a bondade divina se faz presente justamente nas inúmeras oportunidades de recomeço que nos são concedidas através das reencarnações.
Assim, podemos vivenciar em efeitos iguais, experiências diversas e advindas de causas diferentes. Totalmente errado, portanto, julgarmos a história de cada Espírito na relatividade da matéria, pela aparência do corpo físico, que serve apenas de roupagem para a manifestação da sua essência inteligente.
Somos criaturas únicas em processos particulares de evolução, rumo à perfectibilidade - cada qual a seu tempo, com seu entendimento e à sua maneira - o que já demonstra por si só que poderemos até ter "aparentemente" os mesmos defeitos, o que não quer dizer - em hipótese alguma — que tenhamos sido agentes das mesmas causas.
Cada caso é um caso.
Cada aprendizado é único.
Cada qual evolui da melhor forma que lhe aprouver, que lhe seja permitido e escolhido, tendo invariavelmente a Lei do Amor SEMPRE a nos direcionar os passos.
Leia abaixo a análise espírita do neurologista Dr. David Monducci.
Com respostas objetivas, à luz do Espiritismo, ele esclarece dúvidas comuns e muito importantes em relação à Síndrome de Down, um assunto que vem sendo explorado com bastante evidência pela mídia atualmente.
A - COMO PODEMOS EXPLICAR A SÍNDROME DE DOWN, SEGUNDO O ESPÍRITISMO?
- Nascer portador de SD é uma provação ou uma expiação para o Espírito COMO QUALQUER OUTRO TIPO DE PROGRAMAÇÃO REENCARNATÓRIA.
Não se trata de punição ou de castigo, idéias que não fazem parte do corpo doutrinário espírita.
O Espírito é livre para escolher, com aqueles que estarão ao seu lado, que tipo de experiências serão mais produtivas para o seu progresso espiritual.
B - PRECISA SER DESSA FORMA?
- A forma pouca interessa ao Espírito.
O importante é o resultado a ser atingido.
Para tanto pode-se escolher uma forma que permita grandes conquistas no menor tempo possível, o que demanda um grande esforço, ou formas que ofereçam conquistas pequenas ao longo de um grande intervalo de tempo mas que exijam pouco esforço.
A forma está sempre a serviço do Espírito.
C - SE O OBJETIVO DA REENCARNAÇÃO É EVOLUIR, COMO APRENDER BEM COM UM INSTRUMENTO (CORPO FÍSICO) LIMITADO?
- Antes de mais nada é imprescindível termos em mente que o objetivo da reencarnação é de atender os imperativos da evolução espiritual.
Neste contexto ao lado do aprendizado científico há as lições morais que o Espírito deve aprender para evoluir.
Ao reencarnar em um corpo com limitações físicas, o Espírito estará automaticamente matriculando-se em curso de aprendizado moral.
As limitações impostas pela Síndrome de Down são para o corpo e NÃO PARA O ESPÍRITO.
Nestas condições o Espírito terá oportunidade de se dedicar ao aprendizado das lições morais como a paciência, a resignação, a humildade, a simplicidade, poderá aprimorar a sua determinação no cumprimento de um objetivo, trabalhará a sua força de vontade e a sua capacidade de ser perseverante.
D - É CERTO DIZER QUE O PORTADOR DE DOWN ESTÁ RECEBENDO AQUILO QUE PLANTOU?
- Depende.
Quando se diz que a "semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória" estamos usando uma imagem metafórica da lei de ação e reação.
O Espírito é livre para agir segundo a sua vontade, entretanto, cada ação nossa gera um efeito e nós somos os responsáveis por esse efeito.
Os companheiros que ainda se encontram presos à ignorância semeiam espinhos.
É certo que deverão colher espinhos querendo ou não.
Para estes a colheita deverá ser compulsória até porque eles mesmos ainda não despertaram para as consequências das ações praticadas.
Ao experimentarem a consequência das próprias ações terão a oportunidade de aprender a fazer melhores escolhas no futuro.
Para os Espíritos com graus medianos de evolução a semeadura geralmente é de boas sementes que podem ser perdidas por negligência ou por omissão durante o trabalho.
O portador de Down até poderia ser algum Espírito que tivesse plantado espinhos, todavia o seu pouco nível evolutivo não o habilitaria a colheitas proveitosas nestas circunstâncias.
Quem verdadeiramente se beneficiaria deste tipo de colheita seria um grupo de evolução mediana que quisesse fazer um curso intensivo para recuperar tempo perdido com colheitas fúteis.
E - QUEM É O CULPADO QUANDO UMA CRIANÇA NASCE COM SÍNDROME DE DOWN, O ESPÍRITO REENCARNANTE OU OS SEUS PAIS?
- A palavra culpa é de origem latina e designa as idéias de falha, defeito, imperfeição, prejuízo ou dano. Se por culpado entendemos a idéia arquetípica de ofensa a Deus e de queda do Paraíso por causa do pecado original, então ninguém é culpado.
Se por culpado entendemos e reconhecemos os nossos erros, as nossas falhas e os nossos defeitos, então todos somos de alguma forma culpados.
Como vivemos em sociedade, os erros e as falhas geralmente são cometidas em grupo.
Neste caso a oportunidade de reparar os erros e de fazer as coisas certas é oferecida ao grupo. Todos estão convidados a participar da obra de construção do bem.
Cada um de nós é livre para participarmos desta obra dentro das nossas próprias capacidades e méritos.
F - POR QUE OS ESPÍRITOS NÃO AUXILIAM PARA QUE NÃO HAJA "ERRO" NA COMBINAÇÃO DOS CROMOSSOMOS?
- A pergunta seria procedente se o acaso existisse.
Todavia como o acaso não existe NÃO há nenhum "erro" na combinação dos cromossomos.
O que existe é a combinação necessária para atender a programação reencarnatória de um grupo de Espíritos, onde cada um se revestirá do corpo físico que melhor possa serví-lo no trabalho de REFORMA ÍNTIMA.
O objetivo da reencarnação é evoluir.
G - COMO É O PERISPÍRITO DE UM PORTADOR DE SÍNDROME DE DOWN?
- Não dispomos de informações confiáveis para dar uma resposta final a esta pergunta.
Mas podemos especular um pouco sobre a questão.
Se pensarmos no perispírito apenas como o Modelo Organizador Biológico - MOB - deveremos supor que ele apresentará a configuração típica dos pacientes com SD para que o corpo físico se desenvolva dentro dos parâmetros devidos.
Tal configuração deverá ser adotada no plano espiritual, através da capacidade de plasticidade do perispírito, antes do processo reencarnatório.
Se pensarmos no perispírito apenas como o corpo espiritual este refletirá o nível evolutivo do Espírito e, portanto, terá a forma que aquele desejar.
Não é o hábito que faz o monge.
H - QUANDO EVOLUIRMOS ESPIRITUALMENTE, AS SÍNDROMES DEIXARÃO DE EXISTIR? OU SEJA, ESSA "FALHA" GENÉTICA SÓ EXISTE EM FUNÇÃO DA NOSSA SITUAÇÃO EVOLUTIVA?
- Mais ou menos.
As formas físicas e os meios nos quais elas estão inseridas existem para atender às necessidades evolutivas do Espírito.
À medida que o Espírito evolui, mudam as necessidades e com elas mudam as formas.
I - COMO O ESPÍRITO ATUA PARA "BURLAR" A GENÉTICA? AFINAL, ESSA CIÊNCIA NÃO É EXATA?
- O Espírito não pode "burlar" a genética por que ela está dentro das leis da natureza, e as leis da natureza são as leis de Deus.
O nosso conhecimento sobre genética ainda é pequeno e permanece restrito apenas ao campo físico. Se ainda não conhecemos os segredos da genética no nosso nível, como poderemos pretender compreendê-la perante o conhecimento da espiritualidade superior???
J - COMO ESPÍRITAS, QUE LIÇÃO NOS TRAZEM OS PORTADORES DE DOWN?
- São companheiros de muita coragem, dignos do maior respeito, que escolheram um caminho de evolução que muitos não ousaríamos trilhar.
Todos somos instrumentos e ao mesmo tempo estamos inseridos na grande Lei:
"Amai ao próximo como a vós mesmos".
DR. DAVID MONDUCCI