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Melindres

25 de Julho de 2016 às 00h00

Indagado sobre problemas de relacionamento humano, disse Chico:

Existem pessoas que se sentem ofendidas, magoadas por qualquer coisa: à mais leve contrariedade, se sentem humilhadas... Ora, nós não viemos a este mundo para nos banhar em águas de rosas... Somos Espíritos altamente endividados - dentro de nós o passado ainda fala mais alto... Não podemos ser tão suscetíveis assim...

Com a sabedoria de sempre, há todo um tratado de bem viver em suas singelas expressões.
Muitos problemas seriam evitados se as pessoas se dessem ao trabalho de cogitar dos objetivos da existência.
Não somos fruto do acaso, a partir do encontro de um óvulo com espermatozoide vencedor.
Vivíamos antes do berço.
Viveremos após o túmulo.
Transitamos pela Terra pilotando o corpo, máquina frágil que precisa ser alimentada e cuidada.
A todo momento apresenta desajustes e dores que exigem cuidados e, não raro, nos oprimem.
E convivemos com pessoas que guardam limitações semelhantes, sob a regência do egoísmo, esse vilão das almas, a sustentar as dores e confusões do Mundo.


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Estimaríamos, no relacionamento humano, banhar-nos em rosas, guardando inefável tranquilidade e inalterável bem-estar.
Ocorre que isso nunca acontece em plenitude, porquanto há sempre espinhos que nos ferem a sensibilidade, impostos pela convivência com desafetos da Terra e do Além.
O problema, amigo leitor, não está na contundência dos espinhos, mas, como afirma Chico, em nossa suscetibilidade, que se exprime na facilidade em nos melindrarmos.
É como uma alergia.
Há pessoas que podem comer quilos de queijo, sem problema algum. Outras ficam com o rosto deformado pelo inchaço, ingerindo mínima porção.
O melindre é a alergia da alma.
Um mínimo de contrariedade e eis o estrago feito, promovendo transtornos em nosso ânimo.
Para vencer a alergia física há uma terapia de dessensibilização, com o suporte medicamentoso a ser aplicado com critério e perseverança.
Para vencer a alergia espiritual, que tanto nos perturba e aborrece, é preciso arejar a alma, com o exercício perseverante da humildade.
Alguém alegará:
– Como pode ser a humildade o remédio para o melindre se é justamente por sermos humilhados que nos sentimos melindrados?
Quem assim questiona está confundindo humildade com humilhação.
A humilhação é a sensação de rebaixamento, de discriminação. Julgamos que alguém nos boicotou, diminuiu ou menosprezou…
A humildade é a consciência de nossas próprias limitações, que nos induz a não nos julgarmos melhor do que ninguém.
É simples entender.
Se sou humilde, nunca me sentirei humilhado.
Se me sinto humilhado, humilde não sou.


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Proclama Jesus (Lucas, 17:21):

…o Reino de Deus está dentro de vós.

Isso significa que entrar no Reino é realizá-lo em nossa própria consciência, em inefável tranquilidade interior.
Jesus nos indica como fazê-lo, em O Sermão da Montanha (Mateus, 5:3):

Bem-aventurados os humildes, porque deles é o Reino de Deus.

Olhe aí, amigo leitor, mais uma vez a humildade!
É muito mais do que um remédio para a alergia da Alma!
É o passaporte para estados de beatitude na consciência, o Reino em nós, sem as escuras nuvens de indesejável suscetibilidade. Richard Simonetti