Quando Jesus de Nazaré disse a Nicodemus, no célebre encontro, ocorrido, provavelmente, no plano extra-físico, nas altas horas da noite: O espírito sopra onde quer e ninguém sabe de onde vem ou para onde vai, tocou numa realidade muito nossa. A criança que nasce através de nós, mas não de nós, como afirmou Gibran, não sabemos de onde vem, e nem para onde irá, ao terminar sua romagem terrena, a não ser de modo geral, ou seja, viemos do mundo dos espíritos e para ele retornaremos.
Cada criança que recebemos em nossa família, é um espírito que viveu muitas experiências, já teve muitas vidas e tem um patrimônio moral de coisas boas e ruins. Entretanto, mesmos nós que somos reencarnacionistas, temos dificuldades para encarar essa realidade. Lidamos com a criança como se fosse a sua primeira experiência encarnatória.
Cada parto de uma mulher, é um milagre que se repete desde épocas imemoriais, permeado por crenças e ritos, desde a fecundação da Mãe Terra pelo Sol Pai, até as nossas práticas indígenas, do repouso do índio pai, na rede, porque sendo o fecundador, o filho está ligado a ele organicamente, como explica Herculano Pires, no livro Curso Dinâmico de Espiritismo, e suas atividades físicas como correr, saltar ou mesmo andar, poderia esmagar o recém-nascido.
Essa longa introdução é para reafirmar a importância da família. Embora mudada em sua estrutura, embora menos patriarcal e mais liberal, é ainda na família que encontramos a segurança para evoluir, crescer.
Somos ainda espíritos com pouca evolução, e por isso os instintos ainda falam alto dentro de nós. É por isso que muitos tateiam no campo familiar e separam-se para constituir novas famílias, e as vezes fracassar novamente. Sabendo disso, o Espiritismo não condena a separação pelo divórcio, mas demonstra claramente que onde existe amor, não há possibilidade de haver divórcio.
A família, na visão espírita, deixa de ser uma organização simplesmente humana, social, para ser algo acima da linhagem ou do sangue ou mesmo do DNA, para mostrar o seu lado espiritual.
A força aglutinadora, que mantém a estabilidade da família e a projeta no futuro, diz Herculano Pires, é a afetividade, o que vale dizer, o amor.
Nenhuma família terá êxito, nem atingirá seus objetivos, sem o amor a uni-la. Se cada membro da família fizer menos exigências, for mais cordato, simples, respeitar o temperamento de cada um dos outros membros, diminuir os caprichos, e amar apesar dos erros e imperfeições de cada um, certamente a família perdurará e alcançará seus objetivos maiores.
O Espiritismo tem um programa para a Terra, o de elevá-la na hierarquia dos mundos. Se as famílias tiverem amor verdadeiro, sem interesses secundários ou atitudes hipócritas, alcançaremos brevemente esse objetivo. Amilcar del Chiaro Filho