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A Paz de Francisco

19 de Setembro de 2016 às 08h50

Ele percebeu cedo que não poderia realizar seu intento contando com adesão de terceiros. Percebeu também que não poderia consertar o mundo sozinho...
Filho de pais ricos e vivendo as contingências de sua época, Francisco optou por uma vida diferente e não foi compreendido, nem pelos pais, nem pelos amigos. Nem por isso, no entanto, deixou de seguir a decisão pessoal que influenciaria todas as épocas do mundo. Ao sentir-se tocado pela sublime mensagem, Francisco percebeu que precisava fazer algo, tinha que colocar mãos à obra para modificar uma situação complexa, difícil de ser executada, como nos dias atuais...
Se saísse a convocar pessoas, não teria êxito.Toda idéia nova sempre encontra opositores. Se tentasse consertar as situações por meio da imposição ou da violência, também não conseguiria.
Sua opção, todavia, incomodava. Seu comportamento fugia da normalidade de sua época. Entretanto, sem temor ou insegurança, sabia o que desejava.
E trouxe ao mundo a linda Oração de Francisco de Assis. Sim, falamos do notável Homem de Assis.
Percebendo o complexo quadro de seu tempo, comparando-o com a necessidade de ser útil, tomou a si mesmo o encargo e pediu: Senhor, fazei de mim instrumento de vossa paz!
Vejamos a expressão fazei de mim: Não impôs condições, não exigiu nada de ninguém e atribuiu a si mesmo o sacrifício, o esforço, a iniciativa de tornar-se um instrumento de paz no mundo.
Ora, um instrumento de paz é alguém promotor da paz. Alguém que se esforça por espalhar felicidade ou satisfação ao próximo. Alguém que luta, renunciando aos próprios caprichos e interesses pessoais para proporcionar paz ao semelhante. Silenciando atritos, superando lutas, vivendo sacrifícios enormes...
Agimos ao contrário, nós que nos dizemos cristãos! Primeiro, a nossa satisfação, a alta voz do egoísmo pessoal, em detrimento da coletividade, do próximo mais próximo, muitas vezes dentro do próprio lar.
Com Francisco de Assis, é o oposto. Primeiro a felicidade alheia, depois o interesse próprio. E olha, que estamos analisando apenas a primeira proposição da famosa oração.
Este notável homem que exemplificou em si mesmo a construção da paz merece ser lembrado sempre. Seus ensinos aí estão a nos convocar para uma mudança.
E interessante é que não há outro caminho para a melhora da casa planetária. Ninguém será feliz enquanto houver infelizes. Esta é a realidade que precisamos compreender.
Notem os leitores que esta abordagem não possui caráter religioso, de qualquer denominação. Embora ligado aos preceitos da religião, esta análise possui um caráter científico de uma lei maior que rege os caminhos humanos. E já que estamos no mundo, como humanos, ou agimos na lei ou somos enquadrados como infratores da lei, sujeitos às consequências que já se apresentam com toda gravidade, tirando a paz de viver em paz...