Regando a flora perdida
No reino dos animais
Há sempre uma rodovia
Diferente das demais,
Em um espaço aéreo
Exterminando o jamais.
Se é erro não calcular
O caminho percorrido,
Pode ser que o horizonte
Mostre o portal diluído
De toda a nossa vida
Bordada em um tecido.
Rasgando logo um pedaço
No tear dos nascimentos
A vida é a tinta sagrada,
Dilúvio de sentimentos,
Colorindo os alvos fios
No sopro dos movimentos.
Ao espetar das agulhas
Nas fibras mais altaneiras
O desenho ganha forma
No meio das ribanceiras,
E a estrada com suas bordas
Não desconhece ladeiras.
O meio-fio do tempo,
Bordado tão distorcido
Por tanta linha no mundo,
Não teme ser esquecido,
Mas manda gravar o amor
Em cada ponto tecido.