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O bordado do tecido distorcido

04 de Novembro de 2018 às 00h35

Regando a flora perdida
No reino dos animais
Há sempre uma rodovia
Diferente das demais,
Em um espaço aéreo
Exterminando o jamais.

Se é erro não calcular
O caminho percorrido,
Pode ser que o horizonte
Mostre o portal diluído
De toda a nossa vida
Bordada em um tecido.

Rasgando logo um pedaço
No tear dos nascimentos
A vida é a tinta sagrada,
Dilúvio de sentimentos,
Colorindo os alvos fios
No sopro dos movimentos.

Ao espetar das agulhas
Nas fibras mais altaneiras
O desenho ganha forma
No meio das ribanceiras,
E a estrada com suas bordas
Não desconhece ladeiras.

O meio-fio do tempo,
Bordado tão distorcido
Por tanta linha no mundo,
Não teme ser esquecido,
Mas manda gravar o amor
Em cada ponto tecido.