Uma reflexão sobre o capítulo 2 do Evangelho segundo o espiritismo "Meu reino não é deste mundo"
Dois reinos são apresentados ao mundo, por Jesus, no encontro inesquecível com Pilatos.
Da tribuna romana, a visão turva do prefeito confunde-se.
Não pode ir além do tangível.
Endurecida, não passa à dimensão do sentimento.
Desconhece a verdade, a lei, a Deus.
De um lado pesam a pressão popular, a força judaica e o compromisso com o erro.
Do outro, fala o conselho político, a advertência da virtude através da esposa e a própria intuição.
O resultado é conhecido.
Lavou as mãos para limpar a imagem, manchando a consciência.
Em sua própria residência, morada da eterna lembrança, dois reinos ficaram frente a frente: o temporário e o infinito, o material e o espiritual, o mundo dos fatos visíveis e o da verdade.
O primeiro, mesmo impossibilitado, julga o segundo.
É a humildade que cede a voz para ensinar com o silêncio.
- Mas, o que é a verdade?
- Somente quem conhece a vida espiritual pode me compreender...
O diálogo marcante ressoa em cada alma na terra.
É a voz da atração e dos prazeres materiais falando exausta à intuição das coisas espirituais, que o tempo se encarregará de fazer vencedora, usando a paciência como argamassa das construções de levam a Deus.
Hoje, no tribunal de nossa consciência, não raro, nos deparamos com a necessidade de presidir um julgamento: da ofensa, calúnia, ódio, desprezo...
Há duas declarações para proferir: uma escolhe nossos compromissos inferiores, o gozo dos imperfeitos, o lugar comum, a condenação do plano reencarnatório ao fracasso.
A segunda é mais penosa. Por isso, mais meritória. É a de escolher o novo, desconhecido, mas prometido pela esperança em Deus, o ato cego da fé, porque prescinde de olhar.
O perdão, o amor e a alegria são testemunhos de quem está com o Cristo.
Do discípulo que confia em seu Mestre e oferta como sacrifício o próprio orgulho e o egoísmo no altar do seu coração.
Então, nosso Pilatos interior, renovado, ouvirá a voz da Verdade e compreenderá que o reino de Jesus existe e está dentro de nós.
Por Gilton Carlos.
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