Uma reflexão sobre o capítulo 1 do Evangelho segundo o Espiritismo "não vim destruir a lei"
Olhos atentos veem nas menores ações de Jesus obediência perfeita as leis naturais.
À época, corretamente se esperava na figura do Messias da tradição observação integral a Lei.
E devido a herança cultural judaica, na recepção dos ensinos espirituais por Moisés, sempre foram admitidas como a vontade de Deus, que esperava ser atendida por seus filhos.
Em admitindo-se a premissa, porém, do legislador hebreu até o Cristo, são mais de mil anos de exercícios mentais, reflexões e entendimentos sobre Deus e sua lei.
Neste período surgem diversos interpretadores que, nobremente, tentam traduzir em termos práticos às pessoas comuns o que os textos significam. Era como se Deus falasse ao povo através deles.
Disto nasceu as tradições, interpretações, e o ensino oral. Para entender isto, o mais próximo que nós espíritas temos seriam as palestras evangélico-doutrinárias.
Acontece que, embora tenhamos certa precisão na compreensão das leis da vida, nossa condição de espírito imperfeito naturalmente macula com egoísmo, vaidade e orgulho as recomendações diretas que apontam sempre na direção da humildade e do amor.
É isso que Jesus procura corrigir.
Na sabedoria pedagógica das grandes almas, aguarda sempre a oportunidade de aprendizado se desenhar para ensinar ao espírito imortal.
É assim que surgem o que pode ser chamado contrastes na interpretação da lei. Ele mostra que a falta pode estar além das ações concretas como as palavras e as ações. Mas, existem também no pensamento. Parte indissociável do ser.
Daí, o mundo do invisível, onde reside as leis do pensamento e do espírito, está aberto.
Kardec com a chave da revelação e da ciência nos abriu e iluminou o portal da vida espiritual.
Esta missão está cumprida.
E, após seu trabalho, o nosso iniciou.
Jesus, como outrora, nos oferece novamente o ponto de vista da alma para compreensão das leis naturais.
O caminho está traçado aguardando nossa marcha.
Conhecimento é o primeiro passo que leva a prevenção de sofrimento, às alegrias perenes e a paz no coração.
Jesus não desrespeitou a lei. Mas, viveu de maneira completamente adversa a normalidade da época:
Onde se esperava o revide, ele ofereceu o silêncio.
Diante da vingança apoiada, ele orou pelo perdão.
Em meio a indiferença, ele se curvou em compaixão.
A lição ainda vive.
Conhecer a lei de amor, resumo de seus ensinos,
nos exorta ao culto pessoal da benevolência, da compreensão dos erros alheios e
ao esquecimento de toda forma de ofensa, no mundo que estamos e onde, por
enquanto, reina a injustiça e o mal, como filhos de nosso passado aguardando o
bem, que vem Deus, ser entregue por cada um de nós.