Os seres vivos se desenvolveram apartir da evolução química que ocorreu apartir da reação entre as moléculas inorgânicas que deram origem á moléculas orgânicas (com carbono) até formarem o primeiro organismo vivo simples e que mais tarde daria origem á toda a diversidade de criaturas vivas da Terra. Mas quanto à origem dos Espíritos, quase nada se sabe. Allan Kardec diz em uma das suas obras o seguinte: “Desconhecemos a origem e o modo de criação dos Espíritos; apenas sabemos que eles são criados simples e ignorantes, isto é, sem ciência e sem conhecimento, porém perfectíveis e com igual aptidão para tudo adquirirem e tudo conhecerem. Na opinião de alguns filósofos espiritualistas, o princípio inteligente, distinto do princípio material, se individualiza e elabora, passando pelos diversos graus da animalidade. É aí que a alma se ensaia para a vida e desenvolve, pelo exercício, suas primeiras faculdades. Esse seria, por assim dizer, o período de incubação. Haveria assim filiação espiritual do animal para o homem, como há filiação corporal.”
Hoje não resta mais dúvida de que os Espíritos, em sua longa trajetória, têm percorrido os diversos reinos da natureza. O pensamento de Léon Denis, de que “a alma dorme na pedra, sonha na planta, move-se no animal e desperta no homem”, está plenamente incorporado ao corpo doutrinário do Espiritismo.
André Luiz, no livro “Mecanismos da Mediunidade” explica isso na seguinte afirmação: “ temos hoje, o Espírito por viajante do Cosmo, respirando em diversas faixas de evolução, condicionados nas suas percepções, à escala do progresso que já alcançou”. E que tal progresso, estampado no campo mental de cada alma, vai ser condicionado por duas variantes: “o tempo de evolução, ou seja, aquilo que a vida já lhe deu, e o tempo de esforço pessoal na construção do destino, ou seja, aquilo que ele próprio já deu à vida”.
No livro “No Mundo Maior”, André Luiz completa o seu pensamento: “Não somos criações milagrosas, destinadas ao adorno de um paraíso de papelão. Somos filhos de Deus e herdeiros dos séculos, conquistando valores, de experiência em experiência, de milênio a milênio”.
Sendo assim:
. No reino mineral, o princípio espiritual refletiria a sua presença nas manifestações das forças de atração e coesão com que as moléculas se ajuntam em característicos sistemas cristalográficos.
. No reino vegetal, mostraria maiores aquisições pelo fenômeno de sensibilidade celular.
. No reino animal, o princípio inteligente somaria novas aquisições refletidas nos instintos.
. No reino hominal, todo esse cabedal de experiências estaria ampliado pelos novos lastros da concientização, a carregar consigo, raciocínio, afetividade, responsabilidade e outras tantas condições que caracterizam esta fase.
Reino Mineral
. Acredita-se que antes de unir-se ao elemento material primitivo do planeta (o “protoplasma”, na expressão de Emmanuel), dando início a vida no orbe, o princípio inteligente encontrava-se nos cristais, completando seu estágio de individualização em longuíssimo processo de auto-fixação, ensaiando, aos poucos, os primeiros movimentos internos de organização e crescimento volumétrico.
. Até hoje constitui fato pouco explicado pela ciência acadêmica, de determinadas substâncias arranjarem-se sob a forma de cristais perfeitamente arrumados segundo linhas geométricas definidas, o que não deixa de ser uma organização, ainda que não um organismo.
. “O cristal é quase um ser vivente”, disse Gabriel Delanne. Naturalmente que não iremos pensar numa inteligência própria da matéria. Todavia, o cientista Jean Emille Charon declarou que “o comportamento das partículas interatômicas revela vida incipiente”.
. Outra evidência de o porque dos cristais serem manifestações primitivas dos espíritos é que em muitas correntes espiritualistas há uma idéia de que os cristais possuem “energia”. E essa energia nada mais é do que o princípio inteligente se individualizando.
Reino Vegetal e Animal
Após adquirir a capacidade de aglutinar os diversos elementos da matéria em sua peregrinação pelos minerais, o princípio espiritual vai iniciar outra etapa de sua longa carreira evolutiva. Identifica-se com os vírus, logo a seguir com as bactérias rudimentares, as algas unicelulares e, sucedendo-as, com as algas pluricelulares. O princípio inteligente passa então a vivenciar as experiências nos vegetais mais complexos, melhor estruturados, onde ele vai adquirir a capacidade de reagir direta ou indiretamente a qualquer mudança exterior (irritabilidade) e depois a faculdade de sentir, captar e registrar as alterações do meio que o cerca (sensação) – conquistas do princípio espiritual em seu percurso pelo reino vegetal.
Mais tarde, assinala-se o ingresso da “energia pensante” no reino animal. O princípio inteligente vai desdobrar-se entre os espongiários, os celenterados, os equinodermos e crustáceos, anfíbios, répteis, os peixes e as aves, até chegar aos mamíferos. Neste imenso percurso, o elemento espiritual estará enriquecendo a sua estrutura energética, aprimorando o seu psiquismo rudimentar e assimilando os valores múltiplos da organização, da reprodução, da memória, da auto-preservação e dos diversos instintos, preparando-se para a sublime conquista da razão.
Afirma-se que a conquista maior do princípio inteligente em sua passagem pelos animais foi o instinto. Denomina-se instinto às formas de comportamento dos organismos que não são adquiridas durante a vida, mas herdadas. São impulsos naturais involuntários pelo qual os seres executam certos atos de forma mecânica, sem conhecer o fim ou o porquê desses atos (como o gato enterrar suas fezes e urina, ou certos pássaros fazerem seus ninhos de certa forma).
No entanto, em muitos animais, especialmente nos animais superiores (macaco, cão, cetáceos como o golfinho, gato, cavalo e elefante), já identifica-se uma inteligência rudimentar. Além dos atos instintivos, observa-se, às vezes, atitudes que demandam certo grau de perspicácia e lucidez. Seria uma forma primitiva de inteligência relacionada apenas a coisas que importam à auto-preservação do animal. André Luiz diz que nos animais superiores observa-se um pensamento descontínuo e fragmentário, a partir do qual vai desenvolver-se o pensamento contínuo do reino honimal.
Reino Hominal
Afirma André Luiz que, para alcançar a idade da razão, com o título de hominídeo, dotado de raciocínio e discernimento, o ser automatizado em seus impulsos, no caminho para o reino angélico, despendeu nada menos que um bilhão e meio de anos.
Com a conquista da razão, aparece o raciocínio, a lucidez, o livre-arbítrio e o pensamento contínuo. Até então, o progresso tinha uma orientação centrípeta, ou seja, de fora para dentro; o ser crescia pela força das coisas, já que não tinha consciência de sua realidade, nem tampouco liberdade de escolha. Ao entrar no reino hominal, o princípio inteligente que nesse momento se chama Espírito já está apto a dirigir a sua vida, a conquistar os seus valores pelo esforço próprio e a iniciar uma evolução de orientação centrífuga (de dentro para fora).
Mas a conquista da inteligência é apenas o primeiro passo que o Espírito vai dar em sua estadia no reino hominal. Ele deverá agora iniciar-se na valorosa luta para conquistar os valores superiores da alma: a responsabilidade, a sensibilidade, a sublimação das emoções e todos os condicionamentos que permitirão ao Espírito alçar-se à comunidade dos Seres Angélicos.
Bibliografia:
Evolução em Dois Mundos – André Luiz/Chico Xavier e Waldo Vieira
No Mundo Maior – Cap. IV – André Luiz/Chico Xavier
Mecanismos da Mediunidade – André Luiz/Chico Xavier
Morte, Vida e Renascimento – Hernani Guimarães Andrade
Impulsos Criativos da Evolução – Jorge Andréa
A Caminho da Luz – Emmanuel/Chico Xavier
Evolução Anímica – Gabriel Delanne
Biologia – Helena Curtis