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Psiu, volta pra mim?

14 de Agosto de 2020 às 15h05

Elen de Souza - Feminismo e Espiritismo @feminismo.espiritismo

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Na literatura, o jovem Werther ¹ personifica o sofrimento por um amor não correspondido. Vive a dor emocional que se torna física, e que pode arruinar o nossa serenidade. No período literário que chamamos de Ultrarromantismo encontramos milhares de versos de amor, mas que transmitem uma profunda dor. Mas por que é permitido amar alguém e não ser amado? Seria isso uma injustiça divina?


Na questão 939 de O Livros dos Espíritos encontramos o seguinte questionamento:


Desde que os espíritos simpáticos são levados a se unir, como se explica que, entre os encarnados, a afeição exista muitas vezes apenas de um dos lados, e que o amor mais sincero seja acolhido com indiferença e repulsa?

“R: Não compreende que é uma punição, embora passageira? Além disso, quantos não acreditam amar perdidamente, porque julgam apenas as aparências e, quando são obrigados a conviver, não tardam em reconhecer que se tratava tão somente de uma paixão física?” 

A explicação dos espíritos superiores é bastante clara, mas sei que passar por tal experiência não é uma tarefa fácil. Sei também que não é o fim do mundo, mas se torna mais difícil quando colocamos o outro como responsável central da nossa felicidade.

Mas ao colocar o outro como fonte de nossas realizações, podemos cometer o grande erro de nos colocar em segundo lugar. O grande amor da sua vida tem que ser você.  Quando existe uma relação de amor consigo mesmo, não aceitará receber menos amor,cuidado e atenção que merece.

O escritor José Carlos de Lucca nos traz uma reflexão sobre autoamor:

“Na verdade, constata-se que as pessoas não se amam, embora estejam à procura de amor. E veja que situação curiosa: a grande maioria das pessoas deseja receber amor, mas está pouco disposta a amar, e muito menos a amar a si mesma.

(...) Mas como resolver? Tudo começa pelo amor que devemos dar a nós mesmos.(...) A pessoa que não se ama busca no outro o amor que ela mesma não se dá.”

 

 

Então, se eu me amar não vou sofrer por amor?


Claro que vai. Vai doer e provavelmente você vai sofrer por um período, mas vai passar. A diferença é que quando nos amamos não iremos buscar no álcool a solução para nossa dor, não iremos cultivar sentimento de ira, de posse, de vingança, de autodestruição...tudo que só fará mal a nós mesmos.


Joanna de Ângelis também nos traz reflexões sobre isso:

 

“Somente é capaz de amar a outrem aquele que se ama. É indispensável, portanto, que nele haja o autoamor, o autorrespeito, a consciência de dignidade humana, a fim de que as suas aspirações sejam dignificantes, com metas de excelente qualidade”

 

As vezes é necessário olhar no espelho e falar: “Psiu, volta pra mim?”.


Buscar o reencontro com você mesmo, a alegria, a autoestima, a felicidade que habita em você e que talvez tenha se perdido no meio do caminho durante uma desilusão amorosa. Tenha você de volta e terá com certeza muitos motivos para sorrir e muito mais amor para compartilhar.

E acredite, tudo é passageiro. Por mais que um amor não correspondido seja realmente dolorido, é uma fase que irá passar. Jesus nunca nos desampara , Ele vê cada lágrima que cai dos teus olhos e sabe que muitas coisas boas estão preparadas para ti.


Sempre haverá amores passageiros, até que finalmente chegará o momento que encontrará alguém para te acompanhar nesta jornada terrena.

 

Interiorizados essas reflexões, você contemplará novamente a liberdade para se amar, ser amado e superar as desilusões que possam surgir.

 

Referências:

Werther ¹ - Os sofrimentos do jovem Werther

O Livro dos Espíritos. Allan Kardec

Sem medo de ser feliz. José Carlos de Lucca. 

Conflitos existenciais. Pelo Espírito Joanna de Ângelis.