Na literatura, o jovem Werther ¹ personifica o sofrimento por um amor não correspondido. Vive a dor emocional que se torna física, e que pode arruinar o nossa serenidade. No período literário que chamamos de Ultrarromantismo encontramos milhares de versos de amor, mas que transmitem uma profunda dor. Mas por que é permitido amar alguém e não ser amado? Seria isso uma injustiça divina?
Na questão 939 de O Livros dos Espíritos encontramos o seguinte questionamento:
Desde que os espíritos simpáticos são levados a se unir, como se explica que, entre os encarnados, a afeição exista muitas vezes apenas de um dos lados, e que o amor mais sincero seja acolhido com indiferença e repulsa?
“R: Não compreende que é uma punição, embora passageira? Além disso, quantos não acreditam amar perdidamente, porque julgam apenas as aparências e, quando são obrigados a conviver, não tardam em reconhecer que se tratava tão somente de uma paixão física?”
A explicação dos espíritos superiores é bastante clara, mas sei que passar por tal experiência não é uma tarefa fácil. Sei também que não é o fim do mundo, mas se torna mais difícil quando colocamos o outro como responsável central da nossa felicidade.
Mas ao colocar o outro como fonte de nossas realizações, podemos cometer o grande erro de nos colocar em segundo lugar. O grande amor da sua vida tem que ser você. Quando existe uma relação de amor consigo mesmo, não aceitará receber menos amor,cuidado e atenção que merece.
O escritor José Carlos de Lucca nos traz uma reflexão sobre autoamor:
“Na verdade, constata-se que as pessoas não se amam, embora estejam à procura de amor. E veja que situação curiosa: a grande maioria das pessoas deseja receber amor, mas está pouco disposta a amar, e muito menos a amar a si mesma.
(...) Mas como resolver? Tudo começa pelo amor que devemos dar a nós mesmos.(...) A pessoa que não se ama busca no outro o amor que ela mesma não se dá.”
Então, se eu me amar não vou sofrer por amor?
Claro que vai. Vai doer e provavelmente você vai sofrer por um período, mas vai passar. A diferença é que quando nos amamos não iremos buscar no álcool a solução para nossa dor, não iremos cultivar sentimento de ira, de posse, de vingança, de autodestruição...tudo que só fará mal a nós mesmos.
Joanna de Ângelis também nos traz reflexões sobre isso:
“Somente é capaz de amar a outrem aquele que se ama. É indispensável, portanto, que nele haja o autoamor, o autorrespeito, a consciência de dignidade humana, a fim de que as suas aspirações sejam dignificantes, com metas de excelente qualidade”
As vezes é necessário olhar no espelho e falar: “Psiu, volta pra mim?”.
Buscar o reencontro com você mesmo, a alegria, a autoestima, a felicidade que habita em você e que talvez tenha se perdido no meio do caminho durante uma desilusão amorosa. Tenha você de volta e terá com certeza muitos motivos para sorrir e muito mais amor para compartilhar.
E acredite, tudo é passageiro. Por mais que um amor não correspondido seja realmente dolorido, é uma fase que irá passar. Jesus nunca nos desampara , Ele vê cada lágrima que cai dos teus olhos e sabe que muitas coisas boas estão preparadas para ti.
Sempre haverá amores passageiros, até que finalmente chegará o momento que encontrará alguém para te acompanhar nesta jornada terrena.
Interiorizados essas reflexões, você contemplará novamente a liberdade para se amar, ser amado e superar as desilusões que possam surgir.
Referências:
Werther ¹ - Os sofrimentos do jovem Werther
O Livro dos Espíritos. Allan Kardec
Sem medo de ser feliz. José Carlos de Lucca.
Conflitos existenciais. Pelo Espírito Joanna de Ângelis.