"Carne e unha, alma gêmea...Bate coração, as metades da laranja. Dois amantes, dois irmãos...Duas forças que se atraem...Sonho lindo de viver..." ( Fábio Junior, música Alma Gêmea)
Acredito que muitos que conhecem esta música leram o verso acima cantarolando em mente não é mesmo? Pois bem caros leitores, quando falamos em almas gêmeas, pensamos com romantismo em uma pessoa que veio para ser nosso companheiro, nossa metade, assim em algum momento da vida estaríamos "completos" e como nos contos de fadas "viveríamos felizes para sempre".
Exageros românticos a parte, e para a tristeza de muitos, sinto em dizer que alma gêmea não existe, segundo essa concepção popular de que alma gêmea é a outra metade de alguém e que de certa forma seria a certeza de um relacionamento às margens da perfeição. A doutrina espírita nos traz alguns esclarecimentos sobre este assunto.
Em O Livro dos Espíritos, na questão 298, Kardec questiona aos espíritos:
298. As almas que devam unir-se estão, desde suas origens, predestinadas a essa união e cada um de nós tem, nalguma parte do Universo, sua metade, a que fatalmente um dia reunirá?
“Não; não há união particular e fatal, de duas almas. A união que há é a de todos os Espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam, isto é, segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais unidos. Da discórdia nascem todos os males dos humanos; da concórdia resulta a completa felicidade.”
Mas e a tal metade da laranja gente, como fica essa questão? Pois bem, nosso querido codificador também faz o seguinte questionamento e os espíritos nos apresentam um importante esclarecimento.
299. Em que sentido se deve entender a palavra metade, de que alguns Espíritos se servem para designar os Espíritos simpáticos?
“A expressão é inexata. Se um Espírito fosse a metade do outro, separados os dois, estariam ambos incompletos.”
Mas isso não significa que a doutrina espírita não acredita em amor, ao contrário. Apesar de não existirem almas gêmeas,nesse contexto de espíritos que se completam, existe o que chamamos de almas afins, que são espíritos que possuem afinidades.
Somos espíritos completos
Assim, não somos metades de ninguém. Somos um espírito completo que reencarna para aprender, evoluir e ser feliz e que nessa jornada evolutiva está apto para encontrar ( ou reencontrar) outro espírito em jornada e juntos viverem uma história de amor, da maneira que há de ser.
E para concluir o assunto, temos a questão 301:
301. Dois Espíritos simpáticos são complemento um do outro, ou a simpatia entre eles existente é resultado de identidade perfeita?
“A simpatia que atrai um Espírito para outro resulta da perfeita concordância de seus pendores e instintos. Se um tivesse que completar o outro, perderia a sua individualidade.”
Então, vamos viver a nossa individualidade e respeitar a individualidade do outro, e ter a consciência que um bom relacionamento é construído dia a dia, com alegrias, diversidades e muitos desafios. E viva o amor né gente?!