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Por um espiritismo com mais relacionamento e menos eventos

25 de Julho de 2018 às 06h35

Escrevo este texto como forma de socializar uma observação que tenho feito sobre algo que me tem deixado um tanto intrigado e entristecido. Tornou-se comum receber esporadicamente mensagens, via redes sociais, de pessoas amigas, confrades espíritas sobre a realização de eventos a serem promovidos por esses. Até aí tudo bem, levando-se em consideração o fato de que as mídias sociais hoje se tornaram instrumentos de marketing cada vez mais usuais. O problema, ao meu ver, entretanto, ocorre quando essas mesmas pessoas utilizam-se dos tais meios de contato sempre com o mesmo propósito que é o de divulgar aquilo que lhes é de seu interesse, objetivando sempre a mesma coisa que é o sucesso dos respectivos eventos idealizados.

E diante disso me pus a pensar: que tipo de relacionamentos os trabalhadores da última hora estão estabelecendo entre si?. Por que não utilizarem-se com mais frequência desses instrumentos midiáticos de contato interpessoal para troca de mensagens altruístas ou, mesmo para saberem de notícias entre si. E, nesse sentido, é inegável que o uso dos meios de comunicação representam uma variável significativa se considerado fato de que, no tempo sempre escasso que temos hoje em dia de estar presencialmente com as pessoas que estimamos, o uso das tais mídias interpessoais tem uma grande significação como forma de supressão dessa impossibilidade do contato face a face.

Mais ainda, me pus a refletir sobre como a importância dada aos ditos eventos promovidos pelas mais diversas instituições espíritas estão se tornando algo muito mais significativo que os encontros comuns entre os trabalhadores, os quais me parecem estar se tornando cada vez menos fraternos, distantes uns dos outros. Aliás, já comentei aqui sobre o que penso a respeito da indústria de eventos que tem tomado conta do movimento espírita em toda a parte e do quanto isso tem se tornado algo realmente preocupante diante da proposta de vivência cristã essencial a que se propõe o Espiritismo. Doutrina esta que será sempre aquilo que os trabalhadores fizerem dela, pois uma coisa são os princípios basilares propostos pelos espíritos bem feitores e, outro é o modo adotado por aqueles que se propõem a difundir esses princípios, se autointitulado, vale lembrar, trabalhadores da última hora, carregando consigo a bandeira do Espiritismo aos olhos alheios.

Por fim, acredito que vale a pena refletirmos mais atentamente acerca do fenômeno aqui destacado, cientes de que um relacionamento, seja ele qual for, para que seja considerado bom e saudável, faz-se necessário, antes de mais nada, a franqueza por parte das pessoas envolvidas, as quais, vale salientar, devem sempre dar vazão aos bons sentimentos, como por exemplo, o da fraternidade e da cordialidade mútua. De tal forma que, para muito além das segundas ou terceiras intenções, prevaleça mesmo é o intento cristão maior que é o de amarem-se uns aos outros, como aliás, é sugerido por Kardec. No mais, nos conscientizarmo-nos de que, muito mais que meros meios de envio de mensagens, as mídias sociais são valiosos instrumentos interpessoais de aproximação e estreitamento de laços afetivos. Depende de nós!