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A desafiante prática do bem

30 de Junho de 2015 às 00h35

“Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço” Romanos, 7:19

O trecho acima descrito, de autoria de Paulo de Tarso, extraído propositadamente da Bíblia para esse comentário, nos convida a uma das mais profundas reflexões acerca de uma das maiores angústias que atormenta àqueles que trilham pelo árduo caminho da transformação íntima. Trata-se de um dos maiores dramas porque passam inúmeros seres que, chamando para si, o receituário moralítico cristão, cuja pedra basilar é o amor em sua plenitude, se vêem em meio a um conflito permanente entre a crença x prática.

Isso, por sua vez, nos leva a uma questão filosófica elementar: se não queremos ser mais quem somos e ainda não somos quem gostaríamos de ser, quem realmente somos nós?. Tal questionamento nos conduz a enxergar de maneira clara, a complexidade que envolve a natureza humana instituída de dois elementos complementares, porém, distintos um do outro: corpo e alma. Compreender essa ambiguidade de que somos todos constituídos, discernindo as realidades distintas e necessidades reais impostas por cada um desses elementos vitais ao ser que somos, é a chave principal para entendermos o drama narrado por Paulo de Tarso que, diga-se de passagem, parece se ampliar nos dias de hoje.

De fato, se já era difícil lidar com esse conflito há milênios atrás, o qual, é bom ressaltar, também era revelado através dos filósofos da antiguidade para quem o conhecimento sobre si mesmo era a chave para a felicidade humana, apregoado por meio dos séculos através do chavão ‘conhece-te a ti mesmo’, o que dizer dos dias de hoje em que a vida é infinitamente mais conflituosa e desafiante?

Uma época em que o mal se prolifera com uma maior velocidade e seduz de forma sutil, despertando desejos, necessidades pueris nos fazendo, por vezes, atender de forma mais veemente à essência material em detrimento da nossa essência eterna e mais valiosa que é a espiritual. Isso nos faz lembrar uma máxima que chama a atenção para o fato de que “Não somos seres humanos em experiência espiritual mas sim, seres espirituais em experiências humanas”, fazendo enxergar de maneira mais nítida, a necessidade do discernimento dessas duas realidades que apontam para as diferentes dimensões da vida e sobre como, a partir disto, conseguirmos mais facilmente, administrar essa dicotomia que por tantas vezes nos leva a praticar o mal primeiramente a nós mesmos, ao invés do bem que tanto almejamos para nós e para o outro.

Mas como também nos adverte o apóstolo Paulo: “[...] não vos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecidos” Gálatas, 6:9.