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O desencarne

20 de Março de 2018 às 11h50

Olá pessoal.

Para começar irei transcrever algo que Chico Xavier escreveu e que partirei dessa frase para discorrer sobre a minha visão diante do desencarne.

“A morte é simples mudança de veste, somos o que somos. Depois do sepulcro, não encontramos senão o paraíso ou o inferno criado por nós mesmos.”

Um tema que não gostamos de falar, a chamada “morte”, desencarnação. Batemos na madeira, nos benzemos ou qualquer coisa parecida como se tivéssemos o poder de chamar a “morte”. Achamos o tema macabro e mudamos de assunto.

Pois é, nós ocidentais não fomos preparados para tecer sobre esse assunto e muito menos para morrer. Será que aceitaríamos melhor o “chamado” da morte se falássemos sobre ela com naturalidade e soubéssemos que nada se acaba aqui e que existe uma vida abundante depois dessa? A Doutrina Espírita veio para nos esclarecer sobre vários assuntos e um deles é sobre a morte.

 A desencarnação é a libertação do Espírito. Através da experiência mediúnica, do intercambio com os espíritos constatamos que só existiu uma transferência de estado vibratório e a morte perde todo aquele mistério e aquele sentido de destruição. 

Algumas pessoas se questiona a respeito do que acontece com o espírito depois da morte e essa duvida é logo elucidada, podemos esclarecer da seguinte forma. De acordo com a nossa vida, será a nossa morte, pois ela é só uma transição.

Mas a angustia que sentimos quando a morte bate a nossa porta, através de um ente querido é completamente compreensível, é natural, pois ela nos causa uma ausência física e sentimos um vazio. Precisamos entender a nossa passagem por aqui, ela é transitória, sendo assim, compreenderíamos melhor essa viagem e não acharíamos que era o fim de tudo e íamos preparando-nos para o momento da saudade.

Não sou radical a ponto de achar que no momento que sabemos de todas essas teorias já estaremos preparados para a morte de um ente querido. Mas já teríamos alguma bagagem para não sucumbir, pois já compreendemos e agora tentaremos colocar em pratica algumas das informações que foram adquiridas. É fácil? Para a grande maioria não, pois ainda estamos engatinhando, é um processo. Mas tudo se torna mais leve quando ajudamos o tempo, ele sozinho não irá fazer nada, só passará.   

          Acredito que essa dificuldade que temos com relação à morte, principalmente de um ente querido é devido ao apego que temos. Nós possuímos; o marido, o filho (a), o pai, a mãe e não os vemos como companheiros de jornada. Não lembramos que cada um que encarna tem uma história, um projeto de vida, somos independentes, temos um tempo diferente.

Será que teremos que reencarnar para aprender? Creio que não, tudo é questão de esforço e interesse. Primeiro falamos que é difícil e impossível, com isso criamos uma barreira, comumente afastamos os pensamentos desse assunto. Não estou falando que só teremos como pauta das nossas conversações esse assunto, também não é pra tanto.

 Em algum momento nos reunimos para conversarmos sobre a vida, nos questionar porque estamos aqui? Além de comer, dormir, trabalhar, viemos com outros objetivos? Perguntamo-nos qual o nosso papel na vida do nosso próximo? Não, só nos reunimos para comer e beber, então, esses assuntos não pertence a essa ocasião e sendo assim nunca existe o momento adequado. Limitamo-nos aos grupos de estudos nas Casas Espíritas.

Toda essa conversa é para dizer pra vocês, que eu era assim, não pensava em nada disso, mas inconscientemente me preparava com leituras, seminários, congressos e estudos.

E no futuro fui forçada abrir os arquivos da minha consciência para colocar em pratica no que chamei do grande desafio da minha vida, o desencarne de meu filho com 24 anos. Foi quando me dei conta que estava me preparando espiritualmente, nada foi jogado fora, o que ouvi através da doutrina, eu realmente aprendi para aquele momento. Até me achei louca por não enlouquecer com uma dor tão grande, uma dor tão enorme que ela não se satisfaz em dilacerar a alma, ela consegue transpor e se manifestar no corpo. Senti essa dor da alma, mas não houve desespero e muito menos revolta. Eu iria me revoltar com quem ou com o que? Resolveria se eu blasfemasse? Não cai uma folha que não seja por permissão de Deus.

Mas precisamos lembrar-nos de Jesus que nos trouxe tantas lições, porque não lembrar quando Ele falou; “Bem aventurados os aflitos que deles é o reino dos céus”? Vamos reler as bem aventuranças de Jesus, Ele nos diz que não estamos sozinhos.

Algumas pessoas poderão achar que tudo isso que falo é porque meu filho desencarnou através de uma doença, mas foi de repente, ele se encontrava sadio. Mas se alguém, chegando a esse ponto ainda pensar assim, não entendeu o que falei sobre a fé raciocinada. Não falei que não senti o desencarne do meu filho, falei que compreendi. Continuo sentindo saudades e muita falta dele.

Poderia passar horas falando, até contar como foi que superei o desencarne de meu filho, mas vou deixar para outro momento.

Termino sugerindo como leitura o Evangelho Segundo o Espiritismo e o Livro dos Espíritos, em qualquer momento essas leituras irão ajudar bastante, mas principalmente nos momentos que os desafios aparecem.

“Que nada atrapalhe meu passo, faça perder meu riso, nem abale a minha fé. Que os meus caminhos sejam iluminados e as lutas vencidas”. Chico Xavier.

Um grande abraço.

Márcia Verônica.