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Carnaval à luz da Doutrina Espírita.

08 de Fevereiro de 2018 às 08h50

Werlany Maciel (@werlany_maciel

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Resolvi abster-me de qualquer opinião pessoal e deixar apenas o que a doutrina fala sobre o carnaval, deixando-os livre para suas próprias conclusões. 
"Nenhum espírito equilibrado em face do bom senso, que deve presidir a existência das criaturas, pode fazer a apologia da loucura generalizada que adormece as consciências, nas festas carnavalescas.
É lamentável que... se verifiquem excessos dessa natureza entre as sociedades que se pavoneiam com o título de civilização.
Há nesses momentos de indisciplina sentimental o largo acesso das forças da treva nos corações e, às vezes, toda uma existência não basta para realizar os reparos precisos de uma hora de insânia e de esquecimento do dever.
Enquanto há miseráveis que estendem as mãos súplices, cheios de necessidade e de fome, sobram as fartas contribuições para que os salões se enfeitem e se intensifiquem o olvido de obrigações sagradas por parte das almas cuja evolução depende do cumprimento austero dos deveres sociais e divinos.
Ação altamente meritória seria a de empregar todas as verbas consumidas em semelhantes festejos, na assistência social aos necessitados de um pão e de um carinho.
Ao lado dos mascarados da pseudo-alegria, passam os leprosos, os cegos, as crianças abandonadas, as mães aflitas e sofredoras. Por que protelar essa ação necessária das forças conjuntas dos que se preocupam com os problemas nobres da vida, a fim de que se transforme o supérfluo na migalha abençoada de pão e de carinho que será a esperança dos que choram e sofrem? Que os nossos irmãos espíritas compreendam semelhantes objetivos de nossas despretensiosas opiniões, colaborando conosco, dentro das suas possibilidades, para que possamos reconstruir e reedificar os costumes para o bem de todas as almas.
Enquanto houver um mendigo abandonado junto de seu fastígio e de sua grandeza, ela só poderá fornecer com isso um eloqüente atestado de sua miséria moral."
#Emmanuel #ChicoXavier

Não cabe a análise sob a ótica de proibições ou cerceamento de vontades. Todos somos livres para fazer as escolhas que julgarmos convenientes. Porém, não podemos nos esquecer de que igualmente somos responsáveis, individual ou coletivamente, pelas opções definidas em nossa vida.
O espiritismo nada proíbe, já que sendo tão esclarecedora em todos os pontos, entende-se que os espíritas já tem a condição de saber o que é melhor para si sem ser preciso impor regras. 
Por exemplo, uma mãe coloca certos medos em uma criança pra evitar que a mesma se acidente, por saber que ela ainda não é capaz de compreender e discernir o que fazer, a mesma só evitará o mal por medo (como colocar o dedo na tomada por exemplo). A medida que vai amadurecendo a mãe não precisa mais usar destes artifícios, por saber que esta criança já é capaz de entender o que lhe causará danos. E ela mesma vai perdendo certas curiosidades que trazia (mais uma vez, colocar o dedo na tomada). Assim acontece com as religiões. Algumas impõe medo porque assim é necessário, pela imaturidade espiritual de seus adeptos. Dizem que a quem muito foi dado muito será pedido. Então, quanto mais temos conhecimento do equívoco, mais seremos culpados de nos equivocarmos. Por isso, o espiritismo nada proíbe, já que seus seguidores possuem amplo entendimento de causa e efeito, ação e reação, influencia dos espíritos, sintonia, vibração... Diante de tanto esclarecimento cabe a cada um fazer as suas escolhas.

Ao contrário do que reza o frevo de Caetano Veloso (atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu 🎶), não são somente os “vivos” que formam a multidão de foliões que se aglomera nas ruas durante o carnaval. Segundo #Emmanuel temos uma população de desencarnados 3x maior que a de encarnados. E que dividem conosco a psicosfera da Terra.

No livro livro Nas Fronteiras da Loucura por 
Divaldo Pereira Franco pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda conta casos verídicos que acontece na década de 80 no carnaval do Rio de Janeiro...e a seguinte citação:

"O Carnaval, conforme os conceitos de #BezerraDeMenezes, é festa que ainda guarda vestígios da barbárie e do primitivismo que ainda reina entre os encarnados, marcado pelas paixões do prazer violento. Como nosso imperativo maior é a Lei de Evolução, um dia tudo isso, todas essas manifestações ruidosas que marcam nosso estágio de inferioridade desaparecerão da Terra. Esse comportamento afeta inclusive aqueles que se dizem religiosos, mas não têm, em verdade, a necessária compreensão da vida espiritual, deixando-se também enlouquecer uma vez por ano.
De fato, fica evidente através desta obra que o Carnaval se constitui em um verdadeiro processo de Obsessão Coletiva, afetando profundamente o estado espiritual dos incautos."

Ainda na obra, Manoel Philomeno inquiriu Noel Rosa (poeta do bairro boêmio de Vila Isabel, no Rio de Janeiro entre as décadas de 60 e 70) sobre como este conciliava sua anterior condição de “sambista vinculado às ações do Carnaval com a atual e tem como resposta: 
"O Carnaval para mim, é passado de dor e a caridade hoje, é-me festa de todo, dia, qual primavera que surge após inverno demorado, sombrio”.

Conforme configurado na primeira obra da Codificação – O Livro dos Espíritos -, estamos, na Terra, quase que sob a direção das entidades invisíveis: “Os espíritos influem sobre nossos pensamentos e ações?”, pergunta o Codificador, para ser informado de que “a esse respeito sua (dos espíritos) influência é maior do que credes porque, frequentemente, são eles que vos dirigem”. Pode parecer assustador, ainda mais que se se tem os espíritos ainda inferiorizados à conta de demônios.

Como disse #CarlosBaccelli em Mediunidade na mocidade: "Advertiu-nos o apóstolo Paulo: "Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém". O mal não está tanto na coisa em si; está em como nos conduzimos dentro dela. O carnaval não seria o que é, se não fôssemos o que somos. É natural a presença do jovem espírita em festas e boates; no entanto, ao adentrar uma casa de diversão, ele não pode deixar lá fora a sua condição religiosa, como se tal condição lhe fosse uma capa da qual ele pudesse despir-se à vontade."

Há quem se isole em grupos religiosos para orar ou pular um carnaval mais cristianizado, onde a alegria não precisa de drogas, sexo desregrado, atitudes desequilibradas.
Então, podemos concluir que, seria bom evitarmos, mas se não for possível, podemos nos divertir, mas nos comportemos como cristãos seja lá onde estivermos. ORAÇÃO e VIGILANCIA é a recomendação sempre atual.
O próprio Jesus, advertindo os apóstolos dissera: “O espírito está pronto, mas a carne é fraca”.

Em o livro Espiritismo na Arte de #LeonDenis temos:
"O som, o ritmo, a harmonia, são forças criadoras. Se nós pudéssemos calcular o poder das vibrações sonoras, avaliar sua 
ação sobre a matéria fluídica, sua forma de agrupar os turbilhões de átomos, chegaríamos a um dos segredos da energia espiritual. Música atribui ritmo aos fluidos sendo assim a música facilita o intercâmbio entre os dois planos. Música de teor positivo atrairá espíritos esclarecidos, e música de teor negativo, espíritos inferiores. Por isso a importância da gente selecionar muito bem o que ouve, as festas que frequenta... Seja no carnaval como todos os dias do ano.
Para quem vai brincar o carnaval resta-lhe o bom senso. Chico Xavier foi levado a um bordel e fez naquele ambiente um momento de oração (fez do bar, lar), mas reconhecemos com nós não temos a evolução do Chico, somos facilmente influenciados por trazer em nós ainda inclinações inferiores. Fala-se muito também que Jesus ia a todos os lugares, mas ora, Jesus tinha uma superioridade moral, uma angelitude incapaz de ser afetada por qualquer vibração inferior. Temos essa condição? Evidente que não. 
Também de nada vale deixar de brincar a festa achando que vai ser melhor por isso. Não é deixando de pular carnaval que nos espiritualizamos, e sim, é espiritualizando- se que você irá naturalmente querer pular o carnaval literalmente, usando desse descanso para iluminar-se.
Se você ainda vibra com essas sensações e decidiu brincar, faça com responsabilidade porque o mal não está na festa e sim em todos os prejuízos causados por ela por conta dos excessos.

Joanna de Ângelis divinamente inspirada nos ensina: “Tudo procede do pensamento; todo pensamento pode ser substituído”. Logo, é uma questão de escolha ratificar as práticas inferiores do mundo ou ajudar Jesus na implantação do Reino dos Céus na Terra. A escolha é de cada um de nós!

Pra finalizar um trecho da música do #ChicoBuarque: 
Num tempo
Página infeliz da nossa história
Passagem desbotada na memória
Das nossas novas gerações
Dormia
A nossa pátria mãe tão distraída
Sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações
Seus filhos
Erravam cegos pelo continente
Levavam pedras feito penitentes
Erguendo estranhas catedrais
E um dia, afinal
Tinham direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia
Que se chamava carnaval
Meu Deus, vem olhar
Vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade
Até o dia clarear

O clarear da quarta feira de cinzas nos retorna a realidade. Tudo passa, e o que importa mesmo é o que fica.
Não deixem que brilhe neste carnaval apenas as purpurinas, fazei brilhar a vossa luz, porque sois luzes onde quer que estiveres.
Um carnaval abençoado pra todos. 

Instagram: @espiritacg