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Cientistas brasileiros desenvolvem molécula que pode tratar insuficiência cardíaca

A 'Samba' foi desenvolvida por pesquisadores da USP nos últimos dez anos, e o teste em ratos se mostrou promissor para ajudar pacientes que sofrem da doença. Estudo foi publicado nesta sexta (18) na revista 'Nature Communications'.
18 de Janeiro de 2019 às 11h05

Pesquisadores da USP desenvolveram uma molécula que pode melhorar o tratamento de insuficiência cardíaca — problema que atinge pessoas que tiveram um infarto, doença de Chagas ou até hipertensão. A pesquisa, resultado de dez anos de estudos, foi publicada nesta sexta (18) na revista "Nature Communications".

Batizada de "Samba", sigla para 'Selective Antagonist of Mitofusin 1 and Beta2-PKC Association', a molécula criada pelos cientistas foi testada em ratos. Segundo o coordenador do estudo, o professor Julio Cesar Batista Ferreira, da USP, ela foi capaz de melhorar o problema no coração dos animais ao impedir a ligação entre duas proteínas que existem nas células do órgão.

Quando elas se juntam, explica Ferreira, essas duas proteínas danificam o "motor" das células do coração — a mitocôndria. Isso faz com que o órgão perca a capacidade de contrair e relaxar: daí surge a insuficiência cardíaca.

Para entender o que acontece em um coração doente, os cientistas examinaram corações descartados de pacientes que tinham recebido um transplante do órgão. A partir dali, descobriram que, em pessoas que tinham desenvolvido o problema, havia essa ligação entre as proteínas.

Com o resultado promissor da aplicação da Samba nos ratinhos, a molécula pode ser, no futuro, uma possibilidade de tratamento para a insuficiência cardíaca em humanos, mas ainda serão necessários mais testes. Segundo Ferreira, os tratamentos atuais para a insuficiência cardíaca, apesar de ajudarem o paciente, não garantem uma boa qualidade ou expectativa de vida. A Samba representa uma possibilidade de efeito adicional ao que já existe hoje, diz.

Os cientistas já solicitaram a patente da molécula e a aplicação dela nos Estados Unidos. Além da equipe da USP, o estudo também teve a participação de pesquisadores da universidade de Stanford e de Case Western, nos EUA. G1