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Por que andar devagar pode ser sinal de envelhecimento rápido

Velocidade com que pessoas caminham aos 45 anos revela o ritmo do envelhecimento de corpo e cérebro, aponta estudo.
15 de Outubro de 2019 às 11h30

A rapidez com que as pessoas caminham após completar 40 anos é um sinal do quanto o cérebro e o corpo estão envelhecendo, apontam cientistas.

Ao fazer um teste simples da velocidade dessas pessoas, pesquisadores compilaram dados suficientes para medir o processo de envelhecimento pelo qual elas passam.

Não apenas o corpo daquelas que caminham mais lentamente envelhece de forma mais rápida, apontaram os cientistas, mas também o rosto delas parecia mais velho. E tinham cérebros menores.

Na opinião da equipe internacional de cientistas envolvida no estudo, as descobertas representam uma "surpresa extraordinária".

Os médicos costumam medir a velocidade da marcha para avaliar a saúde geral de um paciente, principalmente naqueles que têm mais de 65 anos de idade. Trata-se de um bom indicador de força muscular, função pulmonar, equilíbrio, força da coluna e visão.

Velocidades mais lentas no caminhar durante os anos de velhice também são associadas a um maior risco de demência e declínio das funções do corpo.

'Lentidão é sinal de problemas na velhice'

Nesse estudo, que avaliou mil pessoas na Nova Zelândia — nascidas na década de 1970 e acompanhadas regularmente até os 45 anos —, o teste de velocidade de caminhada foi realizado muito mais cedo, em adultos ainda na meia-idade.

Os participantes da pesquisa também fizeram testes físicos e de funções cerebrais. Além disso, ainda durante a infância, os indivíduos passaram por testes cognitivos a cada dois anos.

"Esse estudo mostra que caminhar lentamente já é um sinal de problemas desde décadas antes de a velhice chegar", disse a psicóloga especializada em envelhecimento Terrie E. Moffitt, autora principal da pesquisa, ligada ao King's College, de Londres, e à Duke University, nos Estados Unidos.

Mesmo aos 45 anos, houve uma grande variação nas velocidades de caminhada — o movimento mais rápido foi de pouco mais de 2 metros por segundo na velocidade máxima (sem correr).

Em geral, as pessoas que caminham mais lentamente apresentaram maiores sinais de "envelhecimento acelerado" — seus pulmões, dentes e sistema imunológico estavam em piores condições do que aqueles que, nos testes, demonstraram andar mais rapidamente.

A descoberta que mais surpreendeu os pesquisadores foi a de que quanto mais lentamente as pessoas caminham, maior a probabilidade de terem também cérebros mais velhos.

E os pesquisadores descobriram que podiam prever a velocidade com que pessoas na faixa dos 45 anos caminhavam, ao avaliar os resultados dos testes de inteligência, linguagem e habilidades motoras de quando elas tinham três anos de idade.

As pessoas que, ao chegarem à idade adulta, caminhavam mais lentamente (média de 1,2 metro por segundo) tinham um QI, em média, 12 pontos menor que aquelas que, ao chegar aos 40 anos, se tornaram as mais rápidas (ritmo de caminhada de 1,75 metro por segundo).

Estilo de vida
A equipe internacional de pesquisadores — que publicou o estudo na revista mensal da Associação Médica dos Estados Unidos — afirmou que as diferenças nas condições físicas e no QI entre os grupos de pessoas podem ser tanto consequência do estilo de vida escolhido pelos participantes quanto um reflexo de um melhor estado de saúde em seus primeiros anos.

Mas os cientistas sugerem que, já no início da vida, é possível verificar sinais de quem terá uma melhor saúde nos anos seguintes.

Os pesquisadores afirmam que medir a velocidade da caminhada desde mais cedo do que se costuma fazer hoje pode auxiliar na elaboração de tratamentos para retardar o envelhecimento.

Atualmente, diversos tratamentos estão sendo investigados, de dietas de baixa caloria ao uso de drogas como a metformina (medicamento usado contra diabetes).

Testar a rapidez das caminhadas desde cedo pode servir também como um indicador precoce da saúde do cérebro e do corpo, para que as pessoas possam mudar seu estilo de vida enquanto jovens e saudáveis, afirmam os pesquisadores.

G1