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Exemplo de Resignação

27 de Junho de 2015 às 13h10

Temos todos, de maneira geral, o hábito de reclamar da vida, de mostrar nossa insatisfação com os problemas que enfrentamos. É um comportamento bastante comum, atrelado que está à nossa imperfeição moral. Afinal, se estamos neste mundo em busca da felicidade, os tropeços e dificuldades surgidos constituem obstáculos naturais. São os problemas familiares, conflitos amorosos, apertos financeiros, doenças, infortúnios de toda sorte, os quais somos forçados a enfrentar. Essas adversidades, todavia, não nos acometem por mero acaso. Não há acasos na natureza, tudo obedece a uma lei física e natural de causa e efeito. Se há uma causa nobre, elevada, se nossos atos, palavras e pensamentos são positivos, granjeamos as consequências igualmente positivas. 


Do contrário, se de natureza torpe, malévola, injusta ou criminosa, não temos como escapar dos resultados negativos daí decorrentes. Nós construímos o nosso destino pelo nosso livre arbítrio e todas as dores e aflições que padecemos são frutos das nossas escolhas equivocadas. Essa nossa realidade de espíritos ainda imperfeitos atende a um propósito maior de crescimento espiritual, de evolução. É por meio da lei de ação e reação que vamos aos poucos aprendendo com os erros cometidos e nos fortalecendo moralmente para não reincidirmos nos mesmos desatinos. E quando observamos as dores alheias em confronto com os nossos próprios males, podemos perceber que não temos razão para reclamar.

 Reclamamos dos pés descalços, quando tantos não tem os pés para caminhar; reclamamos da comida insossa ou salgada, quando tantos sucumbem à fome; bradamos contra nossa imagem enrugada no espelho, enquanto muitos não têm olhos para ver; não estamos satisfeitos com a decoração de nossa casa, ao passo que milhões de pessoas não têm sequer um teto para se abrigarem; blasfemamos diante de uma mera dor de cabeça, sem nos lembrarmos dos tantos irmãos que sofrem com enfermidades graves e incuráveis, muitas vezes sem qualquer atendimento médico digno. Essas experiências serão tanto mais proveitosas quanto maior for nossa resignação e paciência. Há pessoas que nos servem de exemplos na vida e uma delas é uma adolescente britânica de 15 anos, de nome Alice Pyne, há quatro anos portadora de câncer para o qual a medicina não encontra mais tratamento possível, que resolveu lançar um blog na internet, no qual apresenta uma lista de 17 coisas que ainda pretende realizar antes de morrer. Dentre os seus desejos, alguns prosaicos, como o nadar com tubarões, visitar uma fábrica de chocolates, conhecer os integrantes da banda Take That e inscrever sua cadela em um concurso. Mas também há um desejo pessoal de convencer as pessoas a se tornarem doadoras de medula. Por meio de seu blog, que virou um sucesso na internet, também foram arrecadadas, em poucos dias, mais de 10 mil libras em doações para uma instituição beneficente de pesquisas sobre o câncer. É uma maneira contundente de dizer ao mundo que, apesar de toda a dor, todo o sofrimento, todas as misérias, somos plenamente capazes de superá-los e de dar o testemunho da paz de espírito. Que Deus abençoe essa garota e realize os seus sonhos, à proporção de seu merecimento e suas necessidades.