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Bandidos e o Perdão

21 de Junho de 2015 às 18h35

“Bandido bom é bandido morto!” Eis uma frase que costuma ser pronunciada por bom número de pessoas, em especial aquelas que defendem a pena de morte. Nela está contida, porém, uma grande inverdade. Bandido bom é bandido recuperado, reinserido na sociedade de forma produtiva. Para os materialistas, aquela opinião pode ser tentadora, porquanto uma vez executada a pena capital, ou morto um bandido em combate com a força policial, perecido o corpo físico, o bandido não mais trará problemas à sociedade, alcançando-se, com isso, a paz duradoura que todos almejam. Outra, contudo, é a realidade.

Partindo da premissa de que todos nós somos espíritos eternos, habitando temporariamente o corpo carnal, em experiências sucessivas de reencarnação, objetivando o aperfeiçoamento intelecto-moral com vistas à perfeição, é possível concluir que a morte nada mais é que a passagem de um estado para outro da vida. Em outras palavras, a vida verdadeira é a espiritual, passando o espírito por diversos estágios na carne, retornando ao fim de cada um deles para a pátria espiritual, revelando-se, aí, duas faces de uma mesma vida.

Com a desencarnação, o espírito continua o mesmo, com os mesmos sentimentos e comportamentos que tinha durante a vida corporal, tanto os positivos como os negativos. Nesse contexto, se algum criminoso desencarna, seu espírito permanece na erraticidade com o mesmo padrão comportamental, atuando até mesmo com mais liberdade, porquanto desvestido da carapaça material que o limitava.

Nesse longo e contínuo processo evolutivo, desde a criação, todos os seres humanos passam por diversos estágios, a partir do primitivo, simples e ignorantes, até ser alcançado o estado angelical. À medida que se desmaterializa, que se aperfeiçoa moralmente, que se liberta dos vícios e imperfeições para assumir postura mais responsável perante a vida, o padrão vibratório se modifica. E esse avanço evolutivo não se dá do dia para a noite. São necessárias inúmeras e incontáveis encarnações, tantas quantas forem suficientes, a depender do ritmo de cada um, pelo uso do livre arbítrio que nos é atribuído por Deus.

Sendo assim, nenhum de nós terá condições de afirmar que jamais cometeria esse ou aquele crime. Encoberta a nossa mente pelo véu do esquecimento do passado, não somos capazes de enxergar as atrocidades que já cometemos, mais graves até do que muitas das que hoje acusamos nossos irmãos que ainda estão na retaguarda.

E os hoje considerados bandidos são igualmente filhos de Deus e merecedores de indulgência e perdão. Não é condenando-os à morte que estaremos colaborando para o seu aperfeiçoamento. Aos defensores da pena de morte, reflitam sobre a hipótese de esse bandido ser um seu filho, um ser amado, e responda ao seu coração se ainda mantém a mesma opinião ou se não lutaria com todas as forças por obter o perdão, a comutação da pena e a manutenção da vida, pois com a mesma medida que medirdes serás também medido.


Publicado no Diário da Borborema em 08.07.2011