Blogs e Colunas

Espiritismo e Diversidade

06 de Agosto de 2018 às 21h55

"A diversidade bate à porta da sociedade
e precisa ser discutida e respeitada" 
(Luc Ferry)


Para o Espiritismo se efetivar como uma verdadeira ferramenta de transformação social, é necessário pensarmos em diversidade. É necessário pensarmos nas demandas de cada indivíduo e como hoje, de forma crescente, é importante debatermos sobre gênero, sexualidade, racismo e desigualdades.

Dessa forma, não basta seguir o rumo de certas tradições religiosas e se isentar de compreender tal complexidade social. Não parece mais suficiente que as religiões estejam, do alto de uma torre de marfim, ditando regras moralizantes sem adentrar contextos históricos, sem o entendimento do que são estruturas de opressão e de como isso reflete as deficiências morais do caráter humano. Afinal, o que o percurso histórico da humanidade nos conta se não uma progressão de eventos que estão caracterizados por situações do tipo: colonizadores x colonizados, brancos x pretos, homens x mulheres, donos dos meios de produção x proletariado, heterossexuais x homossexuais, cis x trans,...?

Isto revela que existem, sistematicamente, grupos de pessoas privilegiadas que tentam se impor umas sobre as outras. Que se julgam maiores, melhores. E o que o Evangelho nos diz?

Todos os seres humanos são Espíritos imortais criados por Deus em igualdade de condições, sujeitos às mesmas leis naturais de progresso que levam todos, gradativamente, à perfeição (Ibid., Cap. XXVIII, nota explicativa).

Portanto, a desigualdade, o preconceito, só são inerentes ao ser humano por conta das falhas morais que o espírito não suficientemente evoluído carrega. O egoísmo se manifesta tal e qual uma fresta em nosso caráter, pela qual passam o preconceito, os julgamentos, a dificuldade de aceitação da diversidade.

Dito isto de maneira introdutória e tendo em mente o potencial da Doutrina Espírita como um meio de nos fazer refletir e de concretizar a aceitação do próximo, inicio este blog no intuito de compartilhar textos sobre diversidade em geral e feminismo, de dar visibilidade e fazer refletir sobre as singularidades do ser humano, lançando um olhar caridoso para as causas sociais nos aproximando ideal de caridade proclamado pelo Cristo.

Já sobre o nome do blog e falando em visibilidade, quis homenagear Amélie Grabielle Boudet, conhecida como esposa de Allan Kardec, porém, na verdade, muito mais do que isso. Amélie foi fundamental na manutenção dos preceitos originais da Doutrina Espírita após a morte do codificador, para além de ser a sustentação emocional à qual Kardec se refere em seus escritos.
Isto espero explorar em outra sequência de textos, mas por enquanto, convido todes a se reunirem neste espaço para debatermos e, principalmente, levarmos as ideias de aceitação e acolhimento do diverso para nosso cotidiano.